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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Candidatura Moro é sinal de desespero

Para preservar seu lugar na história, ex-juiz ensaia uma candidatura que atrapalha o surgimento de nome unificado contra Bolsonaro e Lula

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 out 2021, 10h48

O retorno de Sergio Moro ao rol de possível candidatos a presidente prova a falta de rumo da direita liberal para 2022. Apostar no ex-juiz e ex-ministro depois de tudo é como um time que aposta no chuveirinho para fazer um gol salvador. Pode dar certo, mas em geral dá errado. É cedo demais para tanto desespero.

Se tivesse deixado a magistratura para ser candidato em 2018, Moro teria chances reais de ser eleito. O espírito do tempo daquela eleição era por um alguém que representasse a antipolítica. Poderia ter sido Moro ou Joaquim Barbosa ou Luciano Huck. Acabou sendo Jair Bolsonaro, a quem Moro primeiro ajudou com decisões nas vésperas da campanha e depois apoiou ao aceitar ser ministro da Justiça. Agora, o seu tempo passou.

Moro foi um péssimo ministro. Cedeu às pautas pró-armas e pró-policiais de Bolsonaro, não avançou na agenda anticorrupção no Legislativa e foi incapaz de reconhecer as distorções do conluio entre os procuradores da Lava Jato, e que depois serviram para o STF anular parte substancial das investigações. Quando foi escanteado pelo presidente, Moro saiu sem apoiar as investigações abertas no Supremo Tribunal Federal que poderiam então levar à responsabilização pessoal do presidente para impedir as investigações de corrupção de Flavio Bolsonaro.

Confrontado com as revelações da Vaza Jato sobre o jogo combinado dos procuradores e sofrendo a perseguição da máquina de o ódio bolsonarista, Moro decidiu tocar sua carreira. Escolheu uma empresa que recebia ganhos indiretos sobre o processo que ele mesmo julgou contra uma das empreiteiras condenadas na Operação Lava Jato. Pode ter sido uma coincidência, mas o Moro de Curitiba não acreditava em coincidências.

Moro continua sendo uma personalidade popular, especialmente na classe média do Sudeste. Quando o seu nome é colocado nas pesquisas, pontua pouco abaixo dos 10% das intenções de voto. É bastante para torná-lo um ótimo cabo eleitoral da direita liberal, mas não é um game changer.

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Amado nas redações dos maiores jornais, o ex-juiz é odiado com a mesma intensidade por petistas e bolsonaristas e ainda é rejeitado pela maioria do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. O seu potencial de crescimento é menor que o das outras opções e ainda atrapalha o surgimento de um nome unificado da direita liberal.

O ex-juiz só voltou a se interessar pela possibilidade da candidatura porque teme _ com razão_ que uma vitória de Lula vá reescrever o seu papel na história. É uma aventura ególatra, não uma tentativa real de apresentar um projeto de país que seja diferente do de Bolsonaro e do de Lula. Moro não era o salvador da Pátria em 2018 e não será em 2022.

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