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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Bolsonaro perdeu, mas segue favorito para 2022

O desempenho ruim no domingo não altera as chances de reeleição do presidente

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 nov 2020, 13h10 - Publicado em 19 nov 2020, 15h25

Os fatos são uns bichos teimosos. Eles mostram que Jair Bolsonaro foi o maior derrotado na eleição de domingo. Mas os fatos não são loucos. Bolsonaro segue sendo o favorito para a reeleição em 2022.

O fato de os candidatos socorridos explicitamente pelo presidente terem perdido em São Paulo, Belo Horizonte e Manaus e de que no segundo turno apenas o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, seguir interessado no apoio, deu base para alguns políticos e muitos comentaristas darem Bolsonaro como morto. Existe uma expressão em inglês para isso chamada “wishful thinking”, autoengano. Nem Bolsonaro está perdido, nem o bolsonarismo acabou e nem os acontecimentos da eleição de 2018 foram uma exceção que não se repetirá.

Se as eleições presidenciais fossem nos próximos seis meses, Bolsonaro venceria com facilidade. De acordo com a última pesquisa PoderData, o corte no Auxílio Emergencial de R$ 600 para R$ 300 piorou a avaliação do governo, mas mesmo assim 45% dos brasileiros aprovam a atual gestão (eram 52% em outubro). Como o governo Bolsonaro parece incapaz de resolver como substituir o Auxílio por outro programa para 2021, é factível supor que essa aprovação vá cair ainda mais. Mesmo assim, Bolsonaro tem um colchão alto de apoiadores.

O segundo ponto é que eleição municipal é importante para definir as armas dos concorrentes, mas não antecipa nada para a disputa presidencial. Basta lembrar que em 2016, Flávio Bolsonaro teve 14% de votos válidos para prefeito do Rio em 2016 e dois anos depois o seu pai teve mais de 60% dos votos na cidade. A maior parte dos eleitores não decidiu seu candidato a prefeito pensando se ele é a favor ou contra Bolsonaro, mas para encontrar aquele que na sua opinião melhor enfrentaria os problemas da cidade.

Terceiro é que se Bolsonaro se mostrou incompetente na estratégia eleitoral, a oposição não foi tão melhor assim. Com a exceção de PDT e PSB, os partidos seguem cada um por si, a tática mais fácil de ajudar Bolsonaro a se reeleger.

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O maior partido de oposição, o PT, está fazendo piqueniques num precipício. Teve um desempenho vergonhoso em São Paulo e Belo Horizonte e perdeu prefeitos e vereadores em relação a 2016. A base da campanha de Ciro Gomes, a aliança PDT-PSB, também foi mal em São Paulo e diminuiu nos municípios.

Mesmo se ganhar São Paulo, o PSDB sai menor dessa eleição. João Doria foi escondido pelos candidatos tucanos em São Paulo, e o partido perdeu força no Rio Grande do Sul, Minas e Paraná.

Os vencedores de domingo – Democratas, PP e PSD – são partidos sem candidato. Eventualmente, o apresentador Luciano Huck poderá ser candidato pelo DEM, mas sem experiência prévia como político, Huck terá um longo caminho para se firmar como uma alternativa num momento em que os eleitores parecem cansados de novidades. Nesta eleição, nenhum candidato outsider fez sucesso.

Por fim, Bolsonaro tem a caneta na mão. Num país centralizador como o Brasil, isso faz muita diferença. O presidente é que tem o leme do navio e ele, e somente ele, pode alterar o curso do governo para facilitar sua reeleição. Não por acaso, os três presidentes que foram candidatos – FHC, Lula e Dilma Rousseff – foram reeleitos. Os dois anos até as próximas eleições presidenciais vão demorar séculos, mas até lá Bolsonaro está com a iniciativa.

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