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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Bolsonaro engoliu os generais

A absolvição de Pazuello é um liberou geral para intervenção na eleição de 2022

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 jun 2021, 17h11

O capitão da reserva Jair Bolsonaro impôs ao comandante do Exército, general Paulo Sergio, a absolvição do general Eduardo Pazuello por ter infringido os Estatuto Militar e o Código Disciplinar do Exército e ter participado de um comício com motociclistas pela reeleição do presidente. É a maior humilhação sofrida por um comandante das Forças Armadas desde a derrota de Passo do Rosário, que decretou a perda da Guerra Cisplatina em 1827.

O general Paulo Sergio passou a mão na cabeça de Pazuello pelo medo de perder a própria cabeça. Em março, o presidente demitiu o ministro da Defesa e os comandantes das três forças porque duvidava da lealdade ao seu projeto de poder. O general Paulo Sergio sabia de antemão que qualquer ato seu contra Pazuello teria como consequência a sua demissão.

Sabendo da pressão do presidente, dois ex-presidentes do Superior Tribunal Militar (STM) deram declarações públicas de que houve evidente quebra de disciplina e que deixar Pazuello impune abria riscos de anarquia. Até o vice-presidente Hamilton Mourão, punido administrativamente por declarações golpistas nos governos Dilma e Temer, foi à público defender uma punição para que o Exército não virasse uma “anarquia”, a maior ofensa no léxico militar. O Exército se rendeu.

Antes do Exército, Bolsonaro já havia feitos intervenções claras no comando da Procuradoria Geral da República, Polícia Federal, Receita Federal e ajudado a eleger um militante seu na presidência da Câmara. É notória a boa relação de Bolsonaro nas Polícias Militares, e a ação dos soldados contra os antibolsonaristas no Recife e em Goiânia mostra como é tênue o poder dos governadores sobre as tropas.

Qualquer tática que os vários candidatos a presidente imaginem a partir de agora deve tentar responder como se constrói uma eleição democrática quando um dos lados tem um poder imperial sobre tropas armadas? Como se assegura que os eleitores terão a oportunidade de votar livremente em outubro do ano que vem quando um dos lados desde agora já insinua que haverá fraudes e que ele não aceitará outro resultado que não a sua vitória? Se Pazuello saiu de um comício bolsonarista sem ao menos uma reprimenda verbal, quem vai segurar um general a mover suas tropas caso Bolsonaro não seja reeleito em 2022? Ninguém. E este risco deve ser levado em conta a partir de hoje.

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