A quartelada de 7 de setembro
Bolsonaro usa os policiais militares como força armada da milícia
Existem três certezas na vida: a morte, a cobrança de impostos e que Bolsonaro sempre fará algo para piorar as coisas, mesmo quando elas já estiverem muito ruins. No fim de semana, Bolsonaro confirmou quer vai participar dos atos golpistas marcado para 7 de setembro, em defesa do fechamento do Supremo Tribunal Federal e do projeto já derrubado na Câmara de impressão do voto. Hoje vieram a público que as manifestações têm apoio das polícias militares de vários Estados. Bolsonaro quer transformar o 7 de setembro em uma prévia da quartelada que pretende fazer caso perca as eleições de 2022, como mostram todas as pesquisas.
Hoje pela manhã (23/08), Bolsonaro disse que não poderia “aceitar passivamente” as prisões do condenado pelo mensalão Roberto Jefferson, do blogueiro de fake news Oswaldo Eustáquio e do deputado quebrador de placas Daniel Silveira, detidos depois de ameaçarem o ministro do STF Alexandre de Moraes. Na sexta-feira, Moraes determinou busca e apreensão nas casas do deputado Otoni de Paula, do cantor Sérgio Reis e do líder dos produtores de soja Antônio Galvan, organizadores do movimento de 7/9.
Em São Paulo, o chefe do Comando de Policiamento do Interior da Polícia Militar de São Paulo, coronel Aleksander Lacerda, convocou policiais para o ato golpista, com revelou o repórter Marcelo Godoy, do Estadão. O coronel que comanda 5 mil soldados na região de Sorocaba, pediu tanques nas ruas e ameaçou os ministros do STF Luís Roberto Barroso, Luiz Edson Fachin e Alexandre de Moraes. Lacerda foi afastado do cargo ainda nesta manhã, mas ele uma das dezenas de oficiais das PMs que estão usando suas redes de WhatsApp para convocar soldados para os atos golpista.
O repórter Vinícius Nunes, do site Poder360 mostrou preparativos similares em grupos de atuais e ex-policiais da Rota, o grupo de elite da PM paulista, no Ceará e no Rio de Janeiro. Policiais do Rio de Janeiro pretendem marchar de Niterói até a praia de Copacabana. Segundo a última mensagem no grupo “PMS DO BRASIL 🇧🇷”, cinco ônibus lotados de agentes são esperados no dia 7. “Sangue nos olhos e muito amor no coração pela nossa pátria! Deus, Pátria, Família e Liberdade!!! Que os bons se unam!”, diz a postagem.
Na democracia, a manifestação é livre, mas o que os bolsonaristas pretendem não tem relação com a democracia. É uma tentativa de intimidação da sociedade usando tropas armadas como força de choque para impor a sua vontade. Não difere em nada das táticas das ocupações dos chefes milicianos no Rio de Janeiro.