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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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A hora dos profissionais

Fragilizado, Bolsonaro entrega o comando da política a Ciro Nogueira

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 jul 2021, 15h26

A chegada do senador Ciro Nogueira, do PP, ao cargo de chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro é uma prova de pragmatismo. O presidente atravessa seu momento de maior impopularidade, está acuado pela CPI da Covid e não consegue traduzir a melhora dos indicadores econômicos em otimismo na sociedade (o chamado ‘feel good factor’). Nesse ritmo, Bolsonaro provavelmente perderia as eleições de 2022.

Ciro Nogueira é um ponto de inflexão. Com a nomeação, Bolsonaro entregou a política aos profissionais, rebaixou o Exército e trincou mais um pouco o prestígio do ministro Paulo Guedes. Bolsonaro está dividindo o poder agora para enterrar a CPI da Covid e os pedidos de impeachment, aprovar seus indicados para o Supremo Tribunal Federal e Procuradoria-Geral da República e montar uma aliança sólida para 2022.

Neto e filho de políticos, Nogueira respira articulação e conspiração no mesmo ritmo que o coração dos mortais faz sístole e diástole. Seu mentor político na Câmara e o que o chamava de filho foi Severino Cavalcanti, o “rei do baixo clero” que ensinou ao pupilo como atravessar o brejo sem sujar os pés. Graças a Severino, o PP indicou como diretor da Petrobras no primeiro governo Lula o engenheiro Paulo Roberto Costa, que em delação premiada detalhou como retribuiu a nomeação com milhões de reais em propinas, mas o PP sobreviveu e está agora no centro do poder do candidato que em 2018 prometia uma Nova Política e o fim da corrupção.

Com Ciro Nogueira na Casa Civil e Arthur Lira na presidência da Câmara, o PP se torna o partido mais importante do Brasil. Enquanto Lira controla para onde os deputados vão destinar as emendas no orçamento, Nogueira é quem vai coordenar a distribuição dessas verbas dentro dos ministérios. E se houver um problema, eles têm no outro lado da rua um grande amigo. Foi de Nogueira e Lira o apadrinhamento da indicação do desembargador Kássio Nunes Marques como ministro Supremo Tribunal Federal.

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O perdedor da chegada de Nogueira ao quarto andar do Palácio do Planalto é o general Luiz Ramos, fiador da ideia de que as Forças Armadas e Bolsonaro são uma coisa só. Nas mudanças, Ramos está deixando a Casa Civil pela Secretaria Geral, uma pasta tão sem importância que está hoje ocupada pelo Onyx Lorenzoni.

Com Ramos, o Exército ocupou o Ministério da Saúde (com os péssimos resultados conhecidos) e conduziu a articulação política que elegeu Arthur Lira na Câmara dos Deputados e trouxe uma indicada dele, a deputada Flavia Arruda, para a Secretaria de Governo. Como diz o ditado espanhol, Ramos criou corvos e eles lhe arrancaram os olhos.

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