A governadora neonazista
Ao não negar as ideias racistas do pai, Daniela Reinehr mostrou-se indigna de permanecer no cargo
Existe um teste simples para descobrir se alguém é nazista. Dez pessoas estão numa mesa e chega um último conviva. Ele defende ideias nazistas. Como saber quantos nazistas estão na mesa? Se ninguém se levantar, são onze os nazistas. A nova governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr, não passou no teste. Pela primeira desde o governo Vargas um político com cargo eletivo se mostra cúmplice à barbárie nazi.
Reinhert é filha de um conhecido neonazista, Altair Reinehr, que escreveu livros defendendo Hitler e negando o holocausto. Você pode dizer que a filha não tem culpa de o pai ser um defensor do extermínio de outras raças e, por respeitar essa dúvida, o repórter do site The Intercept, Fabio Bispo, a questionou sobre o tema. A sua resposta foi essa:
“Eu respeito, volto a dizer, respeito as pessoas independentemente dos seu pensamentos, respeito os direitos individuais e as liberdades. Qualquer regime que vá contra o que eu acredito, eu repudio”, disse Reihner, fingindo que um regime como o nazista possa ser comparado a um governo autoritário. Ela não respondeu quais direitos e liberdades defende. Continuou: “Existe uma relação e uma convicção que move a mim, e acredito que a todos os senhores, que se chama família. Me cabe, como filha, manter a relação familiar em harmonia, independente das diferenças de pensamento, das defesas [de ideias]”.
Portanto para a nova governadora, abraçar o nazismo é “uma diferença”, como se fosse escolher o quadro que vai decorar a sua sala. A escolha das palavras mostra que a governadora é ignorante da história, insensível à dor alheia, desrespeitosa às milhões de famílias sobreviventes, traidora da memórias dos 1.500 da Força Expedicionária Brasileira mortos na Segunda Guerra e conivente de uma ideologia odiosa.
Se tivesse um mínimo de cultura, a nova governadora teria lido Cruz e Souza, um dos maiores poetas brasileiros e que nasceu em Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis. Negro, filho de escravos alforriados, não pode assumir o cargo de promotor público de Laguna porque a sociedade local se recusava a ter um não-branco com poder. Se tivesse um mínimo de sensibilidade, a governadora saberia de cor a vingança poética de Cruz e Souza, na qual “toda alma num cárcere anda presa/ Soluçando nas trevas, entre as grades/ Do calabouço olhando imensidades,/ Mares, estrelas, tardes, natureza. Mas principalmente almas presas, mudas e fechadas/ Nas prisões colossais e abandonadas/ Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!”. Mas pedir para um protonazista saber interpretação de texto já é demais.
Daniela Reinehr tomou posse como governadora de Santa Catarina porque o seu antigo chefe foi cassado por corrupção. Em uma entrevista já se pode provar que ela não tem as condições morais para ocupar o cargo.