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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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A CPI da Covid vai virar CPI da Pfizer

Entrevista de ex-secretario de Bolsonaro a VEJA dá novo rumo para investigações do Senado

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 abr 2021, 11h48

A entrevista do ex-secretário de comunicação do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten, na edição desta semana de VEJA deverá transformar a CPI da Covid na CPI da Pfizer. A Policarpo Junior, Wajngarten confessou ter tentado intermediar a compra de vacinas contra Covid do laboratório Pfizer e culpa seu ex-colega e ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, de ter impedido o negócio. “Houve incompetência e ineficiência”, disse o ex-secretário.

A intenção de Wajngarten ao dar a entrevista foi a de desviar o foco das atenções da CPI do presidente Jair Bolsonaro, mas suas revelações podem apontar um novo caminho de investigação. Como revelou Fernando Rodrigues, do Poder360, existe a suspeita de que advogados ligados ao Palácio do Planalto teriam tentado intermediar a transação cobrando suborno. “A Pfizer não conseguiu vender vacinas para o governo federal porque não aceitou oferecer milhões de argumentos”, escreveu Rodrigues.

O próprio Wajngarten se disse vítima de rumores oriundos do Ministério da Saúde de estar operando como lobista do laboratório. “Foi a gota d’água para eu sair (do governo)”, diz Wajngarten, demitido em maio depois de meses de divergências com seu chefe direto, o ministro das Comunicações, Fabio Faria.

A entrevista a VEJA coloca o próprio ex-secretário em situação delicada. Primeiro porque é pouco crível que Pazuello, conhecido por sua obediência cega a Bolsonaro, teria boicotado uma compra de vacinas sem o conhecimento e, principalmente, a autorização do presidente. Em várias ocasiões ao longo do ano passado, Bolsonaro desfiou suas bravatas contra a compra de vacinas, especialmente da Pfizer.

Sabendo da resistência de Bolsonaro, o que levou Wajngarten a intervir num assunto sobre o qual ele não tinha nenhuma relação? A VEJA, o ex-secretário relata com orgulho como criou um canal direto com a diretoria de Pfizer, negociou redução de preços e detalhes contratuais – tudo sem informar ou envolver o Ministério da Saúde, responsável por todas as compras relacionadas à Covid. E por que fazer isso em paralelo ao ministro Pazuello? “Nunca troquei mais do que um boa-tarde com o ministro Pazuello”, disse Wajngarten. É preciso ser muito ingênuo para acreditar.

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A coluna consultou um ex-ministro do STF e quatro ex-ministros da Justiça, Advocacia Geral da União e Controladoria Geral da União para avaliar a entrevista de Wajngarten. Falando em tese, todos afirmaram que o ex-secretário extrapolou as suas funções e pode eventualmente ter cometido crime de advocacia administrativa, que no Código Penal é definido como “patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário público”.

Em março, depois da forte pressão pública e política, finalmente o governo Bolsonaro encomendou 100 milhões de doses da vacina da Pfizer por U$ 1 bilhão (cerca de R$5,5 bilhões), comprando cada dose a U$ 10.

Wajngarten tentou proteger Bolsonaro, mas na prática abriu um novo viés para os senadores da CPI. Criada para investigar o descalabro da falta de oxigênio nos hospitais em Manaus e a negligência na compra de vacinas, a CPI agora pode seguir o rastro do dinheiro.

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