Namorados: Assine Digital Completo por 5,99
Imagem Blog

Thomas Traumann

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)

7 de Setembro é o ensaio do autogolpe

Manifestações são preparativos para o bolsonarismo mostrar força e calar outros poderes

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 ago 2021, 09h13

Chega a hora que é preciso chamar as coisas pelo seu nome: os atos convocados por Jair Bolsonaro para o 7 de Setembro são um ensaio para um golpe de Estado. Ponto. Nas próximas semanas, o país estará sob risco institucional.

Bolsonaro quer reuniu 2 ou 3 ou até 5 milhões de pessoas e afirmar que esta mobilização prova que o povo está do seu lado para fazer valer a sua vontade sobre a Justiça, o Congresso e quem mais se puser no caminho. Bolsonaro quer fazer do 7 de Setembro a versão tropical da marcha sobre Roma de Benito Mussolini em 1922, reciclado com o autogolpe de 1992 de Alberto Fujimori sob o pretexto de que Legislativo e Judiciário não o deixam governar.

Monitoramento nas redes sociais nesta semana mostra que é alta a possibilidade de Bolsonaro reunir milhões, fundamentalmente pelo intenso trabalho dos pastores das igrejas pentecostais. Nas Marchas por Jesus realizadas todos os anos, essas igrejas facilmente batem nos 4 milhões de fiéis nas capitais, mas com Bolsonaro o discurso é apocalíptico. Nas correntes de WhatsApp evangélicas, são os valores da família que estão em jogo, não Bolsonaro. O 7 de Setembro está sendo apresentado como dia decisivo para a defesa do cristianismo sobre a corrupção, o comunismo e leis que desvirtuariam a família. “Supremo é o País cujo Deus é o Senhor”, terminam as mensagens. Desde as eleições de 2018 não se via uma mobilização digital tão forte dentro das igrejas evangélicas.

A linha do discurso nas redes sociais acusa como “ataque à liberdade de expressão e à democracia” as ordens do presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes de prender bolsonaristas por defenderem o golpe militar.

Por este raciocínio, Alexandre de Moraes estaria abusando dos seus poderes ao investigar por ser, ao mesmo tempo, vítima, investigador e juiz do processo sobre ataques ao STF. Seria, portanto, o ministro Alexandre Moraes e não Bolsonaro que estaria contrariando a Constituição e ameaçando a liberdade. Por supuesto, o seu próximo passo de Moraes seria cercear a liberdade de expressão dos pastores evangélicos (não há nenhuma indicação disso, mas quem se importa com a verdade?!).

Continua após a publicidade

Por uma leitura enviesada da Constituição pelos bolsonaristas, com os poderes em disputa, caberia às Forças Armadas o papel de Poder Moderador, intervindo a favor do presidente.

O irônico é que a cada vez que Bolsonaro força a linha da democracia e o Supremo reage, melhor para o discurso bolsonarista. Cada ação do STF ou do Senado para conter o presidente apenas confirma o que ele está dizendo e serve para incitar a massa.

Os atos de Setembro não implicam que o autogolpe pretendido por Bolsonaro vá ocorrer nas próximas semanas, mas que ele está reunindo a sua tropa e preparando a opção. Por mais que digam que não acreditam em pesquisas, há uma consciência de que existe um “já perdeu” nas hostes. Reunir milhões poderia, no melhor dos casos, reanimar a turba para uma campanha eleitoral com base na intimidação e na ameaça de golpe antes de ir de fato para a quartelada.

Continua após a publicidade

O problema do monstro é que chega um momento que você não o controla mais. No sábado (21/08), Donald Trump foi vaiado em um comício no estado do Alabama ao defender a vacinação contra a Covid. Trump chegou a fazer um sinal de “não” com a mão, em direção a quem o estava vaiando, mas na sequência disse: “Não, ok, ok. Vocês têm suas liberdades, eu acredito. O que você tem de fazer você tem que fazer. Mas eu recomendo: tomem a vacina! Eu tomei e é boa. Tomem a vacina”, disse no ato ̃Salve a América” em Cullman, dois dias após a cidade decretar estado de emergência devido ao aumento no número de mortes por Covid-19. Na sequência Trump causou risadas em parte da plateia ao dizer: “Se não funcionar, vocês vão ser os primeiros a saber, ok?”.

Em menor escala, o deputado Eduardo Bolsonaro sofreu o mesmo ao postar nas redes sociais foto sua se vacinando foi atacada por milhares de bolsonaristas que o acusaram de estar “traindo” o pai. Bolsonaro está alimentando um ódio que pode facilmente descambar para a violência no dia 7 de Setembro se ele não colocar as tropas militares para agredir o STF ou o Congresso.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês*
DIA DOS NAMORADOS

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.