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Por Fernanda Furquim
Este é um espaço dedicado às séries e minisséries produzidas para a televisão. Traz informações, comentários e curiosidades sobre produções de todas as épocas.
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Emmy 2010 – Comentários

Mais um ano, mais um Emmy! Este ano assisti ao evento como fã de ‘barriga cheia’. Minha série favorita, “Mad Men”, já tinha ganho nos dois últimos anos; os atores por quem torcia, Bryan Cranston e Glenn Close, também já tinham levado seus prêmios nos anos anteriores. A única categoria que me deixava apreensiva era […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 31 jul 2020, 14h24 - Publicado em 30 ago 2010, 15h15

Mais um ano, mais um Emmy! Este ano assisti ao evento como fã de ‘barriga cheia’. Minha série favorita, “Mad Men”, já tinha ganho nos dois últimos anos; os atores por quem torcia, Bryan Cranston e Glenn Close, também já tinham levado seus prêmios nos anos anteriores.

A única categoria que me deixava apreensiva era a de série cômica. O fato de Charlie Sheen não concorrer esse ano já era um alívio. Dar prêmios a quem interpreta a si mesmo é meio ‘furada’. O ator para quem daria prêmios, Alec Baldwin, já tinha ganho em anos anteriores, e atrizes, bom, não torcia por ninguém em especial. Aaron Paul, de “Breaking Bad”, era uma esperança, mas se perdesse para Martin Short, de “Damages”, ou Andre Braugher, de “Men of a Certain Age”, ficaria satisfeita.

Então, foi uma noite calma e tranquila, assistindo a mais um evento chato e monótono. Por onde andam os roteiristas de eventos? Sou da época em que se fazia tudo ao vivo, no palco; época em que ainda existiam artistas remanescentes do teatro do entretenimento. Repararam como hoje em dia quase tudo é à base de videoclipe? Lembro de um Oscar em que o Pernalonga apareceu no palco, em versão animada. Se não me engano a Jessica Rabbit também subiu no palco uma vez. Hoje o bebê de “Uma Família da Pesada” aparece em um videoclipe com os atores de “Modern Family”…e daí?

O show de abertura, que costumava ser um dos mais aguardados dos eventos de premiações, inicia como videoclipe com uma historinha, na qual a música instrumental parecia estar com o volume mais alto que as vozes dos atores/cantores. Custava colocar todo mundo no palco desde o início? Fazer tudo ao vivo? Esse deveria ser o grande diferencial de um evento no palco, não é?

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Mas esse tipo de entretenimento acabou. Hoje em dia sobem ao palco para pegar o prêmio, com um tempo limitadíssimo, e para passar videoclipes. Ainda assim, esse ano tivemos mais performances no palco que nos anos anteriores, mas a maioria protagonizada por Jimmy Fallon, em apresentações solo.

Apesar dos esforços, Jimmy não tem o brilho e a veia cômica necessária para segurar um evento ou performance sozinho. Ele precisaria de alguém do seu lado formando uma dupla ou um trio. Suas canções paródias teriam um resultado melhor se tivesse ao seu lado alguém que interagisse com as músicas. As tentativas de colocá-lo junto aos artistas que estavam na plateia não funcionaram.

Ricky Gervais se redimiu do Golden Globe no qual ele foi mestre de cerimônias. Excelente comediante, que não serve para ser anfitrião, pois a função limita seu talento. Como apresentador de uma categoria, Ricky está livre para fazer e dizer o que bem entender. Assim, ele voltou a ser um dos pontos altos da noite com suas piadas e trocadilhos.

George Clooney recebeu o prêmio, que leva o nome do saudoso comediante Bob Hope, por seu trabalho humanitário. Em seu agradecimento, George disse que “é importante lembrar o bem que se pode fazer (ao próximo), porque vivemos em uma época estranha, em que o comportamento negativo (de pessoas) recebe toda a atenção da imprensa enquanto que as pessoas que realmente precisam receber atenção não conseguem nenhuma”.

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A entrega do prêmio Emmy realizada ontem à noite registrou um marco histórico que talvez poucas pessoas tenham notado. Edie Falco ganhou um Emmy como atriz de série cômica. Está certo que “Nurse Jackie” é uma dramédia, mas foi inscrita na categoria comédia, então…

O marco histórico está no fato de que ela é a primeira mulher, e terceira pessoa, a ser premiada como atriz principal por um drama e por uma comédia. Edie já tinha ganho três prêmios Emmy como melhor atriz dramática pela série “A Família Soprano”; agora leva o prêmio de melhor atriz em comédia, por “Nurse Jackie”.

Ao longo da história do Emmy, apenas dois atores conseguiram ser reconhecidos como atores dramático e cômico: Carroll O’Connor, por “Tudo em Família”, sitcom dos anos 70, e “In the Heat of the Night”, série dramática dos anos 80, versão televisiva de um filme do cinema. Robert Young, por “Papai Sabe Tudo”, sitcom dos anos 50, e “Marcus Welby”, série dramática dos anos 70.

Em seu discurso, Edie disse que aquele prêmio era um erro, pois não se considera uma atriz cômica. Muitos podem até concordar, mas acontece que, como disse antes, “Nurse Jackie” é uma dramédia: meio drama, meio comédia, e cabe ao produtor decidir em que categoria inscrevê-la. A partir daí, os atores se inscrevem na mesma categoria. E se a Academia criasse uma categoria só para dramédias? Levando em consideração que elas estão se proliferando, seria algo mais justo na hora de colocar juntos, competindo entre si, os atores de sitcoms tradicionais, que têm obrigação de fazer rir, e atores de dramédias, que não têm. Só o Showtime produz cinco dramédias; além de “Nurse Jackie”, tem “Californication”, “Weeds”, “The Big C” e “United States of Tara”.  Na HBO, são duas: “Hung” e “Entourage”.

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Por falar em HBO, o canal é um dos poucos que vem se dedicando, nos últimos anos, à produção de minisséries. O investimento e os esforços necessários para sua produção fez com que o formato fosse entregue à TV a cabo. Mas as minisséries, que começaram a ser produzidas nos EUA no final da década de 70, estão ‘saindo de moda’, com o investimento cada vez maior da TV a cabo nas séries com narrativas contínuas, enquanto que na TV aberta investe-se cada vez mais em seriados com episódios fechados, mas com arco contínuo, garantindo a venda para as reprises. Resultado: esse ano apenas duas minisséries concorriam ao Emmy, uma americana, “The Pacific”, e uma inglesa, “Return to Cranford”. Na Inglaterra, que começou a produção de minisséries nos anos 50 muito antes das séries, o formato mantém-se ‘firme e forte’.

Com a falta de produções que representem esse formato, os telefilmes, que concorrem nas mesmas categorias das minisséries, com exceção da de melhor produção, se destacam. “Temple Grandin” foi a grande vencedora da noite, arrecadando cinco estatuetas, enquanto que “You Don’t Know Jack” levou os prêmios de melhor ator e roteiro.

Todas produções da HBO, que, no entanto, vêm perdendo terreno nas premiações. Esse ano, por “The Pacific”, o canal garantiu a maioria dos prêmios técnicos. Mas, em relação às categorias de seriados, a HBO não está mais conseguindo marcar presença.

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Séries de ficção, fantasia ou sobrenatural não ganham o Emmy de melhor produção; raramente são indicadas. Em 60 anos de Emmy, “Lost” foi a única que conseguiu ganhar um prêmio nessa categoria, em 2005, por sua primeira temporada, que não era tão ficção e fantasia quanto as temporadas seguintes. Mesmo assim, foi uma exceção que não estabeleceu uma regra. A presença de “Lost” esse ano parece ter sido apenas para marcar sua despedida. Já a de “True Blood” serviu para atrair público, visto que sua presença não se justifica. Com isso, tirou o lugar de “Treme”, por exemplo, que tinha muito mais motivos para fazer parte da lista de indicados.

“Mad Men” ganhando pela terceira vez consecutiva celebra mais uma vez a qualidade de produção da TV a cabo. Em uma época em que as produções ‘blockbuster’ e os roteiros com reviravoltas mirabolantes são obrigatórios para manter o interesse de um público, “Mad Men” prova que uma série com base unicamente no desenvolvimento interno dos personagens, vivendo a realidade de um período, tem chances de existir na indústria do entretenimento. Que venham outras nessa linha!

A categoria de melhor série cômica me deixou preocupada, mesmo sabendo que “Modern Family” tinha maiores chances de ganhar o prêmio que “Glee”, visto que levou a maioria dos prêmios técnicos. Mas só fiquei tranquila quando Steven Levitan subiu ao palco para receber o Emmy de melhor roteiro em série cômica. Que os fãs de “Glee” me desculpem, mas a série não serve para o Emmy. Pode ganhar Golden Globe, o Television Critics Assocation – TCA, ou qualquer outro pêmio popular, mas em relação à Academia, a série não tem conteúdo para o Emmy de melhor produção.

O mesmo vale para o prêmio de melhor ator dramático. Não há como negar que Bryan Cranston não tem concorrência. O ator interpreta um personagem que é um verdadeiro ‘cretino’ e, ainda assim, consegue instigar no público o sentimento de preocupação com o que vai lhe acontecer. As exigências que o personagem faz ao ator o elevam a um nível com o qual ninguém consegue competir. Se Dexter não fosse um herói justiceiro; se fosse um FDP, como deveria ser, o personagem também exigiria do ator Michael C. Hall um desempenho que poderia levá-lo ao nível em que Bryan está.

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Quanto a Hugh Laurie, outro favorito da noite, os roteiristas de “House” o desperdiçaram. A sexta temporada trouxe uma grande oportunidade de explorar mais a fundo o talento do ator ao levá-lo para o manicômio; mas o tiraram muito cedo de lá, levando-o de volta à formatação das histórias de “House” com seu dia a dia de trabalho no hospital e sua rabugice costumeira.

Mas no ano que vem Bryan Cranston estará fora da competição, já que a próxima temporada de “Breaking Bad” não poderá concorrer a nenhum prêmio, por estrear fora do período elegível. Com as mudanças de rumo que as séries “Dexter” e “House” terão em suas novas temporadas, é bem provável que um dos dois leve o prêmio. A não ser que a estreia de “Boardwalk Empire”, pela HBO, dê a Steve Buscemi a preferência.

Jim Parsons como melhor ator de comédia tirou de Alec Baldwin o prêmio que ele vinha recebendo nos últimos anos. Um prêmio justo, já que Parsons conseguiu ser o principal destaque de “The Big Bang Theory”, série que ficaria aleijada sem o ator ou se outro tomasse seu lugar. O mesmo vale para Eric Stonestreet que interpreta o gay simpático de “Modern Family”. Esse é o tipo de personagem que sempre se destaca quando tem o ator certo para o papel.

Perdendo os principais prêmios, os de melhor série e de melhores atores, “30 Rock” inicia sua contagem regressiva para o cancelamento. A série, que registra baixos índices de audiência, mas que tem uma produção cara, em função dos atores convidados, só se mantém viva graças aos prêmios que vinha acumulando. Se não ganha mais, sua razão de existir acaba.

Archie Panjabi compensou a falta de prêmios de “The Good Wife”, uma das favoritas para melhor série e melhor atriz. Com isso, Rose Byrne, de “Damages”, Christina Hendricks e Elizabeth Moss, ambas de “Mad Men”, continuam sem levar seus prêmios. “The Good Wife” é uma série que funciona graças aos personagens e suas trajetórias, mas que se apóia na estrutura de fórmulas, característica da TV aberta. Com isso, ela consegue unificar dois elementos que atraem dois segmentos de público. Trata-se de uma alternativa de roteiro que vai além das produções que dão mais importância à fórmula da série do que ao desenvolvimento de personagens. Já foi, várias vezes, utilizada anteriormente, é claro, mas é sempre bom lembrar que ela existe.

A grande surpresa da noite ficou por conta do prêmio dado a Kyra Sedgwick, por “The Closer”. Já fazia anos que o resultado de um prêmio não arrancava de mim a expressão: “QUE???” Sou fã de “The Closer”, ótimo elenco, adoro assistir aos episódios em um fim de semana de chuva comendo pipoca com guaraná (mesmo sabendo que engorda)…mas Kyra Sedgwick não está fazendo um trabalho melhor que suas concorrentes. Seria a última opção da lista para levar o prêmio. Mas, ainda assim, o fato dela ter vencido não chega ‘a fazer feio’.

Enfim, o Emmy 2010 conseguiu oferecer uma boa distribuição de prêmios. O único problema da cerimônia de entrega do Emmy foi seu roteiro. Atores obrigados a se sujeitarem a piadas sem graça; ritmo lento, apesar do genuíno esforço de Jimmy Fallon; poucas oportunidades de interação com o público presente ou aquele que estava em casa (a ideia de ler mensagens selecionadas do Twitter não funcionou).

Faltou espetáculo…ou sou eu que devo esquecer o potencial artístico já demonstrado no passado e me resignar ao fato de que hoje em dia é esse o tipo de show que contenta o público?

Fernanda Furquim: @Fer_Furquim

Musical de abertura do Emmy 2010

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