O Pan e o pandemônio
Ilustração de Gustave Doré para ‘Paraíso perdido’: ‘A queda de Satã’ O Pan, como são conhecidos na intimidade os Jogos Pan-Americanos que estão sendo disputados em Toronto, e o pandemônio em que se encontra a política brasileira compartilham o prefixo de origem grega pan-, que significa “todos, a totalidade”. O nome dos Jogos Pan-Americanos se […]
O Pan, como são conhecidos na intimidade os Jogos Pan-Americanos que estão sendo disputados em Toronto, e o pandemônio em que se encontra a política brasileira compartilham o prefixo de origem grega pan-, que significa “todos, a totalidade”.
O nome dos Jogos Pan-Americanos se explica sozinho: trata-se de uma competição aberta a todos os países da América. O substantivo “pandemônio”, existente em português desde fins do século XIX, tem origem menos óbvia.
Pandemonium é uma palavra de origem literária. Quem a cunhou foi o grande poeta inglês John Milton em seu clássico poema épico “Paraíso Perdido”, de 1667, para nomear o centro administrativo do Inferno – não um inferno figurado qualquer, mas o próprio Inferno.
Termo formado com elementos importados da Grécia (pan + daimon), mas filtrado pelo latim, Pandemonium era o nome do palácio onde se reuniam todos os demônios sob a liderança de Satã.
Trata-se de uma palavra que, na linguagem corrente, virou um expressivo sinônimo de “bagunça, desordem, caos”, mas que numa acepção mais próxima da origem também pode ser empregada com o sentido de “associação de pessoas para praticar o mal…” (Houaiss).
Em ambos os casos, sua atualidade neste inverno brasileiro é evidente.