Livro não nasce em árvore, mas seu nome nasceu
Enquanto a onda digital que varre o mundo vai fazendo os livros perderem cada vez mais contato com a ideia de seu suporte físico para habitar um universo de impulsos eletrônicos, vale lembrar a origem da palavra livro. O latim liber, onde fomos buscá-la, também significava “escrito, obra literária, tratado”, segundo o dicionário Saraiva, mas […]

Enquanto a onda digital que varre o mundo vai fazendo os livros perderem cada vez mais contato com a ideia de seu suporte físico para habitar um universo de impulsos eletrônicos, vale lembrar a origem da palavra livro.
O latim liber, onde fomos buscá-la, também significava “escrito, obra literária, tratado”, segundo o dicionário Saraiva, mas esta era apenas uma acepção secundária. A primeira, a original, era a de “entrecasca das árvores”.
Liber era, em outras palavras, a membrana vegetal encontrada sob a casca de certas árvores, na qual se escrevia. Acabou servindo mais tarde para nomear também a entrecasca do papiro, arbusto egípcio com o qual se fazia o suporte homônimo, uma espécie de papel grosso que foi o mais usado para escrever e pintar na antiguidade. Desde o início, por metonímia, a palavra liber veio a significar ainda a obra, o que assim se escrevia.
É curioso observar que o inglês book também nasceu no reino vegetal, da raiz germânica bok (faia). Peles de animais e tabletes de argila, que foram concorrentes do livro vegetal por muitos séculos, acabaram derrotados inapelavelmente. Coube ao papel, criado na China em torno do início da era cristã (e cujo nome entre nós descende do papiro, embora fosse um produto tecnologicamente mais refinado), sacramentar essa vitória.