De onde vem a expressão ‘virar casaca’?
“Quando o torcedor de um time passa a torcer por um outro clube dizem que ele virou casaca. De onde veio isso, se torcedor não usa casaca?” (Domingos Pinto) Embora esteja consagrada no vocabulário esportivo, “virar casaca” é uma expressão antiga, anterior à existência do futebol. É no campo da política que está sua origem, […]
“Quando o torcedor de um time passa a torcer por um outro clube dizem que ele virou casaca. De onde veio isso, se torcedor não usa casaca?” (Domingos Pinto)
Embora esteja consagrada no vocabulário esportivo, “virar casaca” é uma expressão antiga, anterior à existência do futebol. É no campo da política que está sua origem, como comentário mordaz sobre aquela versatilidade oportunista que leva algumas pessoas a mudar de convicção ao sabor das conveniências.
Em seu livro “Locuções tradicionais do Brasil”, Luís da Câmara Cascudo sugere que a importamos do francês tourner casaque, “mudar de partido político”. Subentende-se aí a referência às cores de cada partido estampadas nas vestes do correligionário, claro. Mas por que se diz “virar” e não, simplesmente, “trocar de” casaca?
Aí é que está a graça. Segundo a enciclopédia Larousse, porque só precisavam vesti-la do avesso aqueles que “tinham tomado a precaução de forrá-la com as cores do partido inimigo”.
Câmara Cascudo acrescenta, sem depositar muitas fichas na veracidade da informação, a curiosa história do rei da Sardenha que teria dado origem – ou pelo menos publicidade – à expressão:
Contam que Carlos Emanuel III de Savoia (1701-1773), defendendo seu ameaçado patrimônio territorial, aliava-se aos franceses ou aos espanhóis, conforme a utilidade, usando alternadamente as cores nacionais desses países em sua casaca de gala.
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