Dar à luz ou dar a luz?
“Olá, Sérgio! Tenho uma dúvida quanto ao uso da expressão ‘dar à luz’, que para mim se escreve desse jeito, ou seja, com crase. Parece claro para mim que o sentido da expressão é ‘dar ao mundo’. Mas um colega teima que o certo é ‘dar a luz’ (sem crase) ou seja ‘dar a vida’. […]
“Olá, Sérgio! Tenho uma dúvida quanto ao uso da expressão ‘dar à luz’, que para mim se escreve desse jeito, ou seja, com crase. Parece claro para mim que o sentido da expressão é ‘dar ao mundo’. Mas um colega teima que o certo é ‘dar a luz’ (sem crase) ou seja ‘dar a vida’. E então?” (Emmanuel Carvalho)
Emmanuel está certo. A locução correta é “dar à luz” e não “dar a luz”. Se houver complemento, emprega-se sempre com objeto direto, sem preposição: “Ela deu à luz um menino”.
Buscar sua origem na ideia de “trazer ao mundo” faz sentido, claro, mas na verdade trata-se de uma locução cristalizada, sinônimo e eufemismo do verbo parir (“expulsar do útero”), do latim parere, que costuma soar grosseiro em referência a seres humanos. Como este, pode ser empregada – e com frequência é – intransitivamente.
O erro cometido pelo amigo de Emmanuel é comum. Baseia-se numa interpretação alternativa que, do ponto de vista puramente gramatical, pode até ser defendida: na expressão “dar a luz a uma criança”, luz é metáfora de vida e faz papel de objeto direto, com a criança como objeto indireto.
Ocorre que não estamos falando de uma construção aberta a interpretações alternativas, mas de uma locução consagrada que se usa em substituição a um verbo preciso. “Dar à luz” é a única forma encontrada nos bons autores, antigos ou modernos.
Publicado em 14/3/2013.