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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Anexo, em anexo ou no anexo? É só escolher

“Olá, Sérgio. Tenho notado divergências no ensino do uso da palavra ou expressão ‘segue em anexo’. Uns dizem não estar errado, outros já condenam e dizem ser ‘anexo(s) ou anexa(s)’. Isso pode ser uma questão de preferência? E outra: posso usar também ‘segue no anexo’? Num e-mail posso usar qualquer uma dessas formas?” (Samuel Santalucia) […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 03h13 - Publicado em 25 ago 2014, 15h03

“Olá, Sérgio. Tenho notado divergências no ensino do uso da palavra ou expressão ‘segue em anexo’. Uns dizem não estar errado, outros já condenam e dizem ser ‘anexo(s) ou anexa(s)’. Isso pode ser uma questão de preferência? E outra: posso usar também ‘segue no anexo’? Num e-mail posso usar qualquer uma dessas formas?” (Samuel Santalucia)

Samuel pode usar todas as formas acima. Do ponto de vista gramatical, não há nada errado com nenhuma delas. No entanto, se optar por “em anexo” ou “no anexo”, deve estar preparado para enfrentar uma renitente – e, como na maioria das vezes, equivocada – patrulha gramatical. Para tanto, convém estar munido dos argumentos abaixo.

Conselheiros gramaticais influentes, como Napoleão Mendes de Almeida e Domingos Paschoal Cegalla, condenaram “em anexo” com a alegação de que “anexo” é apenas adjetivo, o que torna “um francesismo” seu emprego adverbial em “espúrias locuções como ‘em absoluto’, ‘em definitivo’, ‘em suspenso’, ‘em anexo’, ‘em aberto’” (Dicionário de Questões Vernáculas, de Mendes de Almeida).

Seria possível rebater tal alegação com base apenas em seu caráter purista, há muito atropelado pela dinâmica da língua: influência francesa, e daí? Mas não será preciso lançar mão dessa carta. É curioso ter escapado àqueles estudiosos que “anexo” não é apenas adjetivo, mas também – pelo menos desde 1378, segundo o Houaiss – um substantivo que tem o sentido de “aquilo que se anexou; aditamento, apenso, suplemento”.

Ou seja: basta interpretar “em anexo” e “no anexo” como construções formadas por preposição + substantivo para que elas se revelem tão inatacáveis quanto “em campo”, “no envelope”, “em casa” ou “na gaveta” – que de francesas não têm nada, claro. Entre as duas, soa mais natural a forma com artigo (“no anexo”), mas a opção “em anexo” também é aceitável, como seria “em arquivo à parte”, por exemplo.

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Sim, é verdade que “anexo” pode ser também um adjetivo. Isso faz com que seja igualmente correto escrever “Envio anexo o relatório solicitado” – a forma que os puristas e os patrulheiros inspirados por eles dizem ser a única admissível. Mas atenção: sendo adjetivo, “anexo” deve concordar em número e gênero com o substantivo a que se refere. É aí que encontramos finalmente um erro de verdade, aliás bastante comum: dizemos “Envio as planilhas no anexo (substantivo)”, mas “Envio anexas (adjetivo) as planilhas” – e não “Envio anexo as planilhas”.

De resto, a sensação generalizada de que o português é uma língua dificílima seria bastante atenuada se os patrulheiros pensassem um pouco mais antes de sair corrigindo todo mundo com base em argumentos furados.

*

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