Conforme noticiado pela coluna Radar, o general Walter Braga Netto, ministro da Casa Civil, autorizou a contratação de Isabel Braga Netto, sua filha, pela ANS, causando constrangimento na agência.
O vice-presidente, general Hamilton Mourão, cujo filho funcionário do Banco do Brasil teve o salário triplicado logo no início do governo Bolsonaro, escreve artigos no jornal atacando a oposição ao mesmo tempo em que elogia a política de saúde. Coordenador do Conselho da Amazônia há seis meses, Mourão diz que agora vai combater o desmatamento, ao mesmo tempo em que culpa os governos anteriores pelo desastre e elogia Ricardo Salles.
O general Luiz Eduardo Ramos é o encarregado de entregar cargos e verbas ao Centrão, tarefa que desempenha com tal desenvoltura que recebeu o apelido de “disque-centrão”.
O general Augusto Heleno, bolsonarista de primeira hora, se transformou em uma espécie de arquétipo dos bolsominions, protagonizando cenas de bajulação explícita ao capitão-presidente.
Ramos e Heleno compareceram a manifestações golpistas e fizeram ameaças ao STF e à democracia. O general Fernando Azevedo, ministro da Defesa, apoiou nota golpista de Heleno e sobrevoou uma manifestação golpista.
Braga Netto, Ramos e Heleno prestaram depoimento em juízo corroborando a versão do presidente de que, ao falar da “minha segurança”, referia-se a sua segurança pessoal, não à própria Polícia Federal.
O general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, foi escorraçado do governo sem sequer ser comunicado do porquê.
O general Maynard Santa Rosa, secretário de Assuntos Estratégicos, foi desprezado a tal ponto que se viu obrigado a deixar o governo junto com sua equipe de militares.
O general Eduardo Pazuello, ministro-interino da Saúde, aceitou a determinação de manipular dados e de alterar o protocolo da cloroquina sem base técnica. Diz-se que Pazuello é especialista em logística, mas o Brasil está entre os países que menos testam para Covid no mundo.
Bolsonaro nomeou 3.200 militares para seu governo, mais do que dobrando o efetivo em menos de dois anos, e dando-lhe vantagens e acréscimos salariais.
Há 30 anos, as Forças Armadas levaram o capitão Jair Bolsonaro — que o general-presidente Ernesto Geisel descreveu como “mau militar” — à corte marcial e o forçaram a deixar a corporação.
Bolsonaro curtiu três décadas de ressentimento, mas obteve sua vingança: eleito com o apoio das Forças Armadas, precisou de menos de dois anos para desmoralizá-las.