Bolsonaro a cada dia mais enredado
Quanto mais imobilizado, mais o presidente se debate. E quanto mais se debate, mais imobilizado fica. Até quando?

Bolsonaro prometeu a Arthur Lira respeitar a decisão do Legislativo sobre o voto impresso, mas traiu a palavra e plantou tanques de guerra diante do Congresso Nacional para intimidar e pressionar os deputados que prometera respeitar.
Mas ninguém mais acredita que Bolsonaro tenha condição de dar golpe algum, e a tentativa de intimidação saiu pela culatra. Constrangeu, envergonhou e irritou os militares, e indignou e enfureceu os parlamentares. Muitos deputados que pretendiam votar a favor do voto impresso terão, possivelmente, mudado de posição, e a derrota tende a ser ainda mais acachapante do que o esperado.
Antes disso, Bolsonaro desancou o Supremo Tribunal Federal e exigiu, entre palavrões e ranger de dentes, a aprovação do voto impresso. Perdeu na comissão especial por 23 a 11.
Ainda antes, ameaçou cancelar as eleições se não houvesse voto impresso. Foi obrigado a demitir do cargo mais importante do governo, de maneira humilhante, um general de quatro estrelas para pôr em seu lugar um dos caciques do Centrão.
A cada novo chilique autoritário, a cada novo espasmo antidemocrático, o que Bolsonaro consegue é tornar mais difícil e mais caro apoiá-lo. Como podem parlamentares apoiar um presidente que ameaça fechar o Parlamento? Como podem militares apoiar um presidente que envergonha e humilha as Forças Armadas?
Bolsonaro parece capturado em uma espécie de rede. Quanto mais imobilizado e sem forças fica, mais se desespera, e mais se debate. E quanto mais se debate, mais imobilizado e sem forças fica. E mais se desespera.
A dúvida que resta é: até quando vai isso? Em que momento o Congresso dirá “chega” e mandará Bolsonaro para casa?