A mamata acabou, mas passa bem, obrigado
A corrupção no governo é como Inês de Castro, a que depois de morta foi rainha
A Polícia Federal efetuou busca e apreensão contra o ministro Ricardo Salles, quebrou seu sigilo e afastou dez de seus subordinados. O ministro e outros são investigados por prevaricação, advocacia administrativa e corrupção passiva.
A PF fez a ação sem comunicar ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras, por temer que ele obstruísse a operação para proteger o ministro.
Acuado, Salles pediu ajuda ao presidente da República, que convocou o ministro da Justiça, chefe da polícia que investiga Salles, para reunião com o próprio investigado (!).
O Ministério da Saúde, então sob o comando do general Eduardo Pazuello, usou a pandemia como desculpa para contratar, sem licitação, obras fraudulentas.
O Ministério de Desenvolvimento Regional, cujo titular é o ministro Rogério Marinho, distribui verbas federais sem controle, por meio de um orçamento secreto, para servir a um acordo negociado com o centrão pelo ministro-general Luiz Eduardo Ramos.
O ministro-general Augusto Heleno, recém-desperto de um longo sono letárgico, afirmou recentemente que o centrão — sobre o qual certa vez cantou “se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão” — “não existe.” O ministro não enxerga mais o centrão porque está rodeado por ele.
Bolsonaro sempre disse que, com sua eleição, a corrupção morreu.
Mas a corrupção brasileira é como Inês de Castro, a que depois de morta foi rainha.