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O dia em que o PCC “virou o sistema” e se apresentou ao Brasil

Há 15 anos, a facção mostrava os dentes com rebeliões em série em dezenas de presídios paulistas

Por Daniel Jelin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 21h33 - Publicado em 18 out 2016, 08h40
Por celular, PCC tomou controle de dezenas de presídios em apenas meia hora
Por celular, PCC tomou controle de dezenas de presídios em apenas meia hora

Há quinze anos, o país tomava conhecimento da existência do Primeiro Comando da Capital, o PCC, com um megamotim em 29 presídios de 19 cidades do Estado de São Paulo. Foi a maior rebelião da história do país. “Conectados por uma rede de telefones celulares, precisaram de apenas trinta minutos para assumir total controle da situação a partir do Complexo do Carandiru, na capital”, narrava reportagem de VEJA de 28 de fevereiro de 2001. “Tamanha organização e ousadia por parte dos criminosos desorientaram completamente as autoridades.”

VEJA de 28 de fevereiro de 2001. Clique aqui para ler a reportagem
VEJA de 28 de fevereiro de 2001. Clique aqui para ler a reportagem

Até 2001, a facção que voltou a mostrar os dentes nesta semana só era conhecida dos especialistas e nas rodas da criminalidade. Não sairia mais do noticiário. A reportagem de VEJA observava que pela primeira vez os presidiários rompiam a regra informal de nunca tomar visitas como reféns – o que voltaria a se repetir em inúmeras rebeliões, inclusive, neste domingo, em Boa Vista, Roraima. Outro ineditismo da megarrebelião: “Os presos não estavam pedindo melhorias no sistema carcerário. Eles protestavam contra a remoção, do Carandiru, de cinco criminosos tidos como os líderes do PCC, bandidos perigosos conhecidos pelos apelidos de ‘Sombra’, ‘Macarrão’, ‘Jonas’, ‘Feirante’ e ‘Marcola’.”

‘Sombra’, Idemir Carlos Ambrósio, liderou o motim. “Anota aí: vou virar o sistema”, teria dito, dois dias antes. Seria executado no mesmo ano na disputa pelo controle do PCC. No ano seguinte, Marcos Willians Camacho, o “Marcola”, se tornaria o líder inconteste do bando.

As rebeliões em série de 2001 mobilizaram 28.000 presidiários e tornaram mais de 10.000 familiares reféns. “Pelo tamanho da revolta, o número de dezesseis presidiários assassinados por rivais dentro das cadeias, um deles decapitado diante de visitantes, até que parece baixo. Poderia ter sido muito pior, mesmo porque a rebelião levantou o fantasma de uma fuga em massa de milhares de bandidos”, dizia reportagem de VEJA. De fato, só as duas recentes rebeliões no Norte do país, creditadas à guerra entre o PCC e o Comando Vermelho, já produziram 18 mortes.

A reportagem de VEJA sobre o megamotim de 2001 reconhecia o tamanho do desafio de pacificar os presídios e alertava: “Para enfrentá-lo não existem fórmulas mágicas”. Havia, como ainda há, medidas recomendadas pelos especialistas, como apontava VEJA:

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1. Liberar recursos – No ano passado (2000), o governo deveria ter aplicado 140 milhões de reais nos presídios brasileiros. Só 100 milhões foram de fato liberados

2. Desmantelar cidades-presídios – Cadeias superlotadas como o Carandiru, que tem 7 200 detentos ocupando 3 300 vagas, são ambientes que estimulam os motins. Devem ser substituídos por presídios menores, com até 500 presos

3. Desmontar as organizações criminosas – As autoridades imaginavam que negociando com os líderes dos bandos controlariam as tensões nos presídios. A estratégia só reforçou o poder das facções. A saída é identificá-los e destruir sua estrutura de poder

4. Aplicar penas alternativas para crimes leves – As cadeias poderiam ficar livres de 25% de sua população

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5. Rever a situação penal dos presos – Estima-se que 20% dos detidos nos presídios mais populosos já tenham cumprido a pena e poderiam ser colocados na rua

6. Melhorar as condições desumanas do cárcere – Prisões imundas, superlotadas, promíscuas e violentas são o caldo de cultura perfeito para a corrupção dos funcionários, a formação de gangues de presos e a erupção de revoltas

7. Reformar o sistema legal penal – Os procedimentos judiciais são obsoletos. Em média, o acusado fica preso quatro anos antes de receber a sentença

8. Estimular o trabalho dos presos – O trabalho afasta os detentos das organizações criminosas e facilita sua reinserção social

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9. Apertar a vigilância – Funcionários bem treinados, e devidamente equipados, têm plena condição de monitorar o que se planeja dentro da cadeia para alertar as autoridades

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