Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

ReVEJA Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Vale a pena ler de novo o que saiu nas páginas de VEJA em quase cinco décadas de história
Continua após publicidade

‘Fogo e morte outra vez’, estampava a capa de VEJA em 1974

Na década de 1970, dois grandes incêndios assustaram a população paulistana: o do edifício Andraus, em 1972, e o do Joelma, em 1974

Por Redação
3 Maio 2018, 21h29

“Esses momentos na vida das cidades e o surgimento de um tipo de pessoas que arrisca a vida num dia para ficar encabulado na manhã seguinte quando começa a caça aos heróis é talvez a fonte que provoca, em toda a população, a radiante sensação de confiança e segurança exatamente por viver naquela comunidade. Por isso, quando a manhã de sexta-feira começou, as primeiras crianças a sair às ruas brincavam de bombeiros.”

Assim terminava a reportagem “A cidade venceu o fogo”, na edição 182 de VEJA, de 1º de março de 1972, que descrevia o incêndio no edifício Andraus, no centro de São Paulo, até então o pior já enfrentado pela capital paulista.

Mas a cidade não havia vencido o fogo. Quase dois anos depois, o mesmo texto que finalizava a matéria de 1972 estava na Carta ao Leitor de 6 de fevereiro de 1974. Naquela edição da revista, a capa trazia uma foto do edifício Joelma, também no centro de São Paulo, com a chamada “Fogo e morte outra vez”.

Capa da Revista VEJA de 6/2/1974, sobre o incêndio no Edifício Joelma
Capa de VEJA de 6 de fevereiro de 1974, sobre o incêndio no Edifício Joelma (VEJA/VEJA)

Nesta semana, os paulistanos viram novamente as cenas de chamas consumindo andares de um prédio no meio de São Paulo, com o agravante de que o fogo foi seguido pelo desmoronamento da construção envidraçada. Em poucas horas, o edifício Wilton Paes, no Largo do Paissandu, desapareceu do horizonte, deixando uma pilha de escombros e, até agora, pelo menos quatro desaparecidos, segundo o Corpo de Bombeiros.

Continua após a publicidade

Em 1972, o incêndio do Andraus deixou 17 mortos e 376 feridos. “Em pouco tempo passaram pela porta de acesso ao heliporto centenas de homens e mulheres que minutos antes se empurravam e pisoteavam pelas escadas. No terraço, a altura das chamas e o pânico dos que chegavam geraram as reações mais descontroladas. Três pessoas atiraram-se, acreditando que as labaredas acabariam envolvendo a pequena multidão que se movia no topo do prédio, de um lado para o outro, boiando no medo”, relatava o texto. A suspeita é que as chamas começaram por uma sobrecarga da rede elétrica.

Cerca de 300 pessoas que se abrigaram no terraço do prédio foram salvas. Aeronaves se revezavam embarcando as vítimas: “Primeiro os helicópteros lançaram leite e pediram calma. Depois, pularam os policiais e bombeiros que controlaram o pânico com cordas e palavras e, finalmente, começaram a embarcar os primeiros feridos. Cada helicóptero que pousava em terrenos vizinhos era cercado de ambulâncias que removiam os feridos. Cinco horas depois, o terraço do edifício estava completamente vazio”, relatava a legenda das fotos impressionantes da reportagem, que descreveria ainda atos de desespero e heroísmo por parte das vítimas e de seus salvadores.

Matéria da Revista VEJA de 1/3/1972, sobre o incêndio no Edifício Andraus
Reportagem de VEJA de 1º de março de 1972, sobre o incêndio no Edifício Andraus (VEJA/VEJA)

A tragédia do Joelma foi ainda pior. Ao todo, 188 pessoas morreram e cerca de 300 ficaram feridas em seis horas e meia de incêndio. Sem heliponto, o terraço do edifício, desta vez, não foi garantia de sobrevivência. Dezenas morreram no teto do prédio devido ao calor e à fumaça. Mesmo assim, apesar das condições de salvamento difíceis, cerca de 100 pessoas foram retiradas do edifício por ali.

Continua após a publicidade

“Desesperadas, mais de 20 pessoas atiraram-se do prédio antes que os bombeiros pudessem realizar a operação de salvamento. Na calçada, um padre atendia aos agonizantes enquanto os corpos eram enviados ao IML”, trazia a legenda de uma das fotos.

Inaugurado apenas dois anos antes, o Joelma pegou fogo por causa de um problema num ar-condicionado, relatou uma das sobreviventes. Questionado, o então prefeito da cidade, Miguel Colasuonno, afirmou: “Realisticamente falando, o bom senso diz que temos que acelerar as medidas preventivas em edifícios novos e esperar que a população tenha mais humanidade e tome medidas por conta própria sem ser obrigada por lei”.

Na realidade, humanidade foi o que não faltou aos paulistanos. O Hospital das Clínicas teve fila de gente para doar sangue às vítimas. “O ministro Mário Machado de Lemos, da Saúde, não escondeu a sua surpresa ao verificar que havia recursos mais do que suficientes para atender a todos os feridos. Na verdade, até mesmo os doadores de sangue poderiam ser dispensados, mas a direção aproveitou a disposição popular para formar grandes estoques”, dizia a reportagem.

Nesta semana, a parte da população se uniu novamente. Desta vez, para levar doações de roupas, água e alimentos para os centenas de desabrigados do edifício Wilton Paes.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.