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Em quatro anos e meio, David viu o filho, Sean Goldman, uma única vez

Americano apelou para deputados e senadores de seu país e conseguiu mobilizar o governo e a opinião pública em favor de sua causa

Por Da redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h23 - Publicado em 26 jul 2018, 15h15

Se hoje o jovem Sean Goldman tem uma vida tranquila nos Estados Unidos — ele foi entrevistado por VEJA na edição que vai às bancas nesta sexta-feira —, o caminho até essa harmonia foi dos mais trabalhosos. O drama de seu pai, o americano David Goldman, foi contado pela primeira vez na revista em 4 de março de 2009, na edição 2.102.  Com o título “O drama Sean Bianchi Goldman: Um menino e dois países”, a reportagem apresentou ao país a novela que seria acompanhada de perto pelos leitores.

“Mãe brasileira foge para o Rio com o filho que teve com um americano, casa-se de novo, morre – e o garoto? Volta para o pai nos EUA? Fica com o padrasto no Brasil? O caso está virando um enrosco diplomático entre os países”, explicava a matéria.

Drama do pai, David Goldman, foi contado por VEJA em março de 2009 (Reprodução/VEJA)

VEJA conversou na ocasião com o pai, em sua casa, que estava toda preparada para o retorno do filho. “As paredes são pintadas de um azul claro, assim como o teto de meia-água. A janela é ampla, o quarto é bem iluminado e tudo está no lugar: os brinquedos de pelúcia sobre a cama, os livros na pequena estante de TV, os sapatos alinhados ao rodapé, as roupas penduradas no cabide. Só o aquário não tem peixes, mortos durante um corte de energia elétrica. ‘Quero que fique tudo como estava quando ele foi embora’, disse David Goldman, em Tinton Falls, no estado de Nova Jersey, referindo-se ao filho, Sean, que foi levado pela mãe há quatro anos e meio para o Brasil”, detalhou a reportagem.

E prosseguia: “Na mesma Quarta-Feira de Cinzas, Sean estava em Búzios, no litoral do Rio de Janeiro, onde passou o Carnaval numa luxuosa casa de frente para o mar, na companhia de familiares. Nestes últimos quatro anos e meio, pai e filho viram-se apenas uma vez, há menos de um mês, e somente por algumas horas, na área externa de um condomínio residencial no Rio e sob a vigilância de um psicólogo. ‘Nossos laços não se desfizeram’, constatou Goldman, rememorando o encontro. ‘Ele ainda é o meu menino.’ Será?”

História envolve amor, morte, separação e audiências nos tribunais (Reprodução/VEJA)

A história, que começou “com um caso de amor no glamoroso mundo da moda em Milão” acabou se transformando num problema diplomático entre Brasil e Estados Unidos. Em 1997, David Goldman conheceu a brasileira Bruna Bianchi e mudaram-se para Nova Jersey. “Ela engravidou, casaram-se em 1999 e Sean nasceu em 25 de maio de 2000. Na aparência, viviam uma vida feliz. Mas algo ia mal. Em 16 de junho de 2004, Goldman levou mulher, filho e sogros ao aeroporto para embarcar para curta temporada no Rio, como faziam de vez em quando (…) Bruna nunca mais voltou. Do Rio, ela ligou dizendo que o casamento acabara e que Goldman só reveria Sean se, entre outras condições, lhe desse a guarda definitiva do filho. Goldman relembra: ‘A voz dela estava estranha. Era metálica, sem emoção’.”

No Brasil, Bruna casou-se novamente, agora com o advogado João Paulo Lins e Silva, e morreu em complicações do parto de sua filha, Chiara, em 22 de agosto de 2008. “Goldman aterrissou no Brasil dez dias depois. Chegou certo de que, como pai biológico, levaria o filho de volta. Descobriu que a guarda havia sido concedida para Lins e Silva.”

Difamação

O sofrimento do pai ia além de ficar longe do filho. Ele também se defendia das acusações da família da ex-mulher, mãe de Sean. “Goldman diz que as acusações vão da mentira à manipulação. Diz que é mentira que não tivessem vida sexual, que não atendia às ligações do filho ou que não pediu para vê-lo. Afirma que esteve oito vezes no Brasil com esse objetivo. Confirma que fez acordo de 150 000 dólares, para poder enfrentar as despesas da batalha jurídica pelo filho, e não para vender sua guarda.”

O caso de Sean Goldman acabou se tornando assunto diplomático quando David decidiu colocar a boca no mundo. “Acionou deputados e senadores americanos, e está conseguindo mobilizar o governo e a opinião pública americana em favor de sua causa. (…) Na semana passada, em encontro com a secretária de Estado, Hillary Clinton, o chanceler Celso Amorim ouviu um pedido para agilizar o assunto. Amorim respondeu que o governo brasileiro fará o melhor, mas que o caso corre na Justiça. Em resumo: a diplomacia se mexeu, mas usa aqueles mesmos punhos de renda que levam anos para produzir resultado. Isso é aceitável quando se discute um acordo comercial ou um novo tratado, mas é uma crueldade quando se trata da vida de uma criança.”

Após longa tortura, pai e filho, enfim, ficam juntos (Reprodução/VEJA)

Vitória na Justiça

O assunto ficou na cabeça dos leitores enquanto o pai, incansável, aguardava uma definição da Justiça. Na edição 2.145, de 30 de dezembro de 2009, com o título “O fim da batalha”, VEJA trazia a boa notícia: “O STF obedece à Convenção de Haia e entrega ao pai americano a guarda do menino Sean Goldman”. Leia um trecho:

“Ao fugir dos Estados Unidos com o menino, Bruna infringiu a lei. O Brasil é signatário da Convenção de Haia de 1980, que coíbe o sequestro internacional de menores por um dos pais. Por ela, Sean teria de voltar ao país em que nasceu e qualquer processo deveria correr na Justiça americana. Mas, por causa da enorme possibilidade de protelações e recursos que o Código Civil Brasileiro oferece, a família de Bruna conseguiu arrastar o caso. Um dos pontos da argumentação era que Sean havia desenvolvido estreitos laços afetivos com o padrasto e com os avós – que chegaram a dar 150 000 dólares a David numa tentativa de acordo. Na última terça-feira, o ministro Gilmar Mendes cassou a liminar que tentava manter Sean com a família brasileira e determinou sua entrega ao pai. Um dos efeitos foi cancelar um ponto de atrito diplomático entre Brasil e Estados Unidos. Até a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, manifestou sua contrariedade com a insistência da Justiça brasileira em desobedecer à Convenção de Haia.

Se há um perdedor nessa história, é o próprio Sean. Desde os 4 anos ele foi exposto ao escrutínio direto ou indireto de assistentes sociais, juízes, advogados e a toda a tensão provocada pela situação. No meio do caminho, perdeu a mãe no parto de sua irmã e afastou-se do pai. O melhor que pode lhe acontecer agora é que o bom senso prevaleça. Sua avó Silvana Bianchi parece estar decidida a seguir o caminho da paz. Disse ela a VEJA: ‘Não há mais o que fazer. Estamos preparando Sean para que ele fique feliz e torcendo para que, finalmente, se estabeleça uma relação normal entre os dois lados da família’.”

 

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