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Revolução de 1932 e Honduras

Uma das características do país é a absoluta desordem de idéias. As opiniões quase sempre são expressas descoladas de princípios. Dei uma lida rápida, na Internet, nos jornais de ontem. Chegou a ser engraçado ler elogios à Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo em veículos que chamam de “golpe” a deposição do golpista Manuel […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 17h18 - Publicado em 10 jul 2009, 04h57

Uma das características do país é a absoluta desordem de idéias. As opiniões quase sempre são expressas descoladas de princípios. Dei uma lida rápida, na Internet, nos jornais de ontem. Chegou a ser engraçado ler elogios à Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo em veículos que chamam de “golpe” a deposição do golpista Manuel Zelaya em Honduras. O que uma coisa tem a ver com outra? Explico.

Há décadas, o marxismo chulé das universidades brasileiras demoniza a Revolução de 1932, chamando-a de tentativa de “golpe das elites”. Observação: o Brasil, a Coréia do Norte e Cuba devem ser os últimos países em que a universidade ainda abriga militância marxista (há mais comunistas na USP do que em Pequim, estejam certos). Adiante.

Getúlio Vargas deu um golpe – este, sim, um golpe – em 1930 e governava sem uma Constituição. São Paulo foi às armas em defesa de uma. Tratou-se de um movimento de fato popular, organizado contra uma ditadura. Ditadura que a historiografia esquerdista sempre entendeu como “progressista e modernizadora”. Vocês sabem: essa gente não gosta de ditadura do adversário.

O Movimento de 1932 em São Paulo foi considerado “reacionário”, embora pedisse, vejam que absurdo!, um governo baseado na lei. São Paulo ficou praticamente sozinho e foi derrotado. Ou nem tanto. O país ganhou uma Constituição em 1934, que logo seria jogada no lixo, com o golpe (mais um!) do Estado Novo, em 1937. A rigor, antes disso, a Lei de Segurança Nacional (uma espécie de AI-5 de Getúlio), de 1935, tornava sem efeito muitas de suas garantias. E o Brasil então conheceu as verdadeiras intenções daquele senhor pintado como progressista em 1930 e bastião da modernidade contra São Paulo em 1932. O verdadeiro Getúlio era o chefete fascistóide da Constituição de 1937, que liderou o Estado Novo até 1945 – com o auxílio da tortura e de uma polícia violenta.

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Não deixa de ser notável que Getúlio, um golpista compulsivo – ah, não!, não renego a sua importância, de jeito nenhum! -, seja um dos heróis brasileiros. Golpista compulsivo? Sim! Deu o golpe em 1930. Queria governar sem uma Constituição. Teve de ceder em 1934. Mas logo fez baixar a Lei de Segurança Nacional em 1935 – e jogou a Carta no lixo em 1937, governando como ditador até 1945, quando é deposto. “Ah, mas veja quanto bem ele fez ao Brasil…” Reconheço de tal sorte a sua importância, que o tenho mesmo na conta de responsável por alguns de nossos mais graves e renitentes defeitos. Mas isso fica para outra hora.

Volto ao 9 de Julho de 1932. A inequívoca “revolução constitucionalista” é vista, ainda hoje, como a reação do baronato paulista à perda de poder com o fim da “República Velha”. E aquele que pretendia governar como ditador – o que deixou claríssimo já a partir de 1935 – é um dos heróis nacionais.

O golpe deles é revolução. E a revolução dos outros é golpe.

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