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Planalto está em festa com acusação contra Cunha. Ou: Camargo, a lógica do medo e Sócrates nele!

Dois mais dois continuam a ser quatro. Na rua, na chuva ou numa casinha de sapé. Nas democracias e nas ditaduras. Entre gregos e troianos. Para guelfos e gibelinos. Até o gramado da Esplanada dos Ministérios sabia, e sabe, que o Planalto conta com a possibilidade de a Operação Lava Jato quebrar as pernas de […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 00h55 - Publicado em 16 jul 2015, 20h48

Dois mais dois continuam a ser quatro. Na rua, na chuva ou numa casinha de sapé. Nas democracias e nas ditaduras. Entre gregos e troianos. Para guelfos e gibelinos. Até o gramado da Esplanada dos Ministérios sabia, e sabe, que o Planalto conta com a possibilidade de a Operação Lava Jato quebrar as pernas de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. E isso significa, claro!, enfraquecer o PMDB. Vamos seguir.

Cunha sabia que Júlio Camargo estava prestes a acusá-lo. Tratou disso na entrevista que concedeu aos Pingos nos Is, na segunda. O empresário afirma que pagou ao parlamentar uma propina de US$ 5 milhões num contrato de aluguel de navios-sonda. O deputado, obviamente, nega e emitiu uma nota a respeito (já trato dela).

O dado curioso não é Cunha negar, é evidente. Ocorre que Camargo também negava que o deputado estivesse envolvido. Já como delator premiado, ele não citou o nome do presidente da Câmara. Ao tentar explicar a mudança de postura, fez uma declaração que dá o que pensar. Leiam:
“Todo homem que é responsável é obrigado a ter medo e receio. É uma pessoa que age não diretamente, e que ameaça você através de terceiros. Estamos falando de uma pessoa que, dizia ele, tinha o comando de 260 deputados no Congresso e, na eleição para líder  do Congresso [presidente da Câmara dos Deputados], na minha opinião, isso se constatou”.

Não entendi. O depoente tinha medo de alguma agressão física ou do poder que o deputado detinha na Câmara?

Mas vamos seguir com essa lógica peculiar de Camargo: se, antes, ele negava a participação de Cunha porque temia o seu poder, por que resolveu revelá-la agora, quando o deputado continua poderoso? Considerando, então, que ele decide contar as coisas segundo a lógica do medo, é razoável que eu infira que ele pode estar a temer hoje algum inimigo de Cunha, ainda mais poderoso do que o deputado? Em tempos de “Politeia” platônica, só estou usando a maiêutica socrática…

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Acho, sim, e não retiro uma vírgula do que escrevi aqui, que o deputado Eduardo Cunha faz bem à Câmara dos Deputados e ao Congresso. O chororô das esquerdas nesta quinta, fazendo um balanço negativo de sua gestão, prova que estou certo. Se fez o que Camargo diz que ele fez, que pague por isso. Por enquanto, temos duas versões:
a: de quando Camargo diz que tinha medo de Cunha;
b: de quando Camargo, pelo visto, perdeu o medo de Cunha — sabe-se lá o que terá a temer ou eventualmente a ganhar. Sim, é claro que há uma chance remota de, na velhice, ter sido tomado por um surto de súbito amor pela verdade.

Contam-me que o ambiente no Palácio do Planalto é de excitação. Alguém teria resumido: “Pegaram o cara!”. Na fila, também está Renan Calheiros. Os petistas perderam o embate com o PMDB e agora contam que o Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça façam por eles o que não conseguiram fazer sozinhos.

Vamos ver. Cunha é culpado? Se é, já conhecemos o caminho. Eu, por enquanto, reservo-me o direito de achar estranho que delatores premiados mudem de versão ao sabor dos ventos. Sim, acho que tal procedimento pode ser útil para desvendar crimes. Mas ele não pode se confundir com um instrumento político de acerto de contas.

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