Pesquisa 2 – Serra lidera para a Presidência em todas as categorias
No Estadão deste domingo. Volto depois: O governador paulista José Serra (PSDB) é , neste momento, o candidato presidencial preferido do eleitorado brasileiro entre seis nomes apresentados aos eleitores na pesquisa Estado/Ipsos. Ele alcançou 34% das citações, contra 12% do deputado Ciro Gomes (PSB), 10% do governador mineiro Aécio Neves (PSDB) e 8% da ministra […]
Serra liderou em todas as regiões brasileiras. A maior vantagem foi no Sul – que tem 15% do eleitorado brasileiro -, onde despontou com 45%, contra 9% de Ciro e 6% de Marta. No Nordeste (27% do eleitorado), reduto de Lula, Serra alcançou 37%, contra 18% de Ciro (que tem forte prestígio na região), 5% de Maia e 1% de Aécio. No Sudeste, que abriga 44% do eleitorado e onde se situa o Estado que governa, Serra tem um desempenho relativamente modesto, com 31%, contra 17% de Aécio e 11% de Marta.
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Na faixa que reúne os analfabetos e o grupamento que cursou até a 4ª série do ensino básico, na qual Lula imperou em 2006, Serra teve 30%, contra 12% de Ciro e 8% de Marta. A pesquisa Estado/Ipsos fez 1.000 entrevistas entre os dias 22 e 31 de agosto, em 70 cidades, com margem de erro de 3 pontos porcentuais.
VolteiO que escrevo aqui tem de ser lido em conjunto com a análise que está no post acima, sobre a inexistência de um sucessor de Lula. A rigor, uma boa parcela do eleitorado está dizendo o que já dizia em 2005 e 2006: queria, então, que José Serra, e não Geraldo Alckmin, disputasse a eleição com o petista. O PSDB, se bem se lembram, resolveu abrir mão de quem tinha o dobro dos votos para ficar com quem tinha a metade. Vai fazer besteira de novo? Nunca se sabe, não é mesmo?
A pesquisa tem um lado interessante ao fazer esse levantamento do que quer o eleitor sem levar em consideração o partido. Mas também tem algumas distorções: é evidente que os votos em Serra e em Aécio, em parte ao menos, devem ser agrupados, especialmente no Sudeste. Vejam lá: o governador de Minas, que tem 10% no país, chega a 17% na região que abriga seu Estado. Todos eles migrariam para o governador de São Paulo se ele for o candidato? Creio que a maioria.
É evidente que não se ganha eleição sem a adesão dos mais pobres e dos menos escolarizados — a maioria do país. Nesse caso, Serra larga, claro, com uma grande vantagem: lidera em todos os estratos, mas a dianteira no Nordeste e entre os menos escolarizados é notável. Como a sua última disputa nacional foi em 2002, acredito que ninguém vai se lembrar de ressuscitar a tese cretina de que seus números não passam de recall. Até porque a memória dos brasileiros, como já vimos, não é lá grande coisa.
Os números magros do PT são certeza de desastre para o partido? É evidente que não. Tanto quanto os votos de Serra e Aécio podem ser agrupados, os de Ciro e Marta, por exemplo, também são conexos: pertencem a partidos distintos, mas são dois nomes de Lula. Podem botar aí na conta: o PT, mesmo sem o Apedeuta, numa campanha bem feita, chega com facilidade a um terço do eleitorado brasileiro. E não é menos verdade que outro terço não votaria no partido nem que Lula fosse o milagreiro que julga ser. O terceiro terço, como sempre, está em disputa. Por duas eleições seguidas, ele pendeu para o lado de Lula (não do PT, notem bem).
Haverá um candidato do governo que consiga trazê-lo de novo? Parece difícil, mas estamos muito longe da eleição. A transferência de voto, em larguíssima escala, é mais exceção do que regra — se é que já aconteceu alguma vez. Lembrem-se de São Paulo. Lula investiu pesado em Mercadante. Chegou-se mesmo a fazer o velho e bom terrorismo: “Será mais fácil para o estado se o governador for do mesmo partido”. Não adiantou. O eleitor não queria.
Estes são, evidentemente, movimentos iniciais. Lula vai jogar pesado para fazer seu sucessor — se der, tentará suceder a si mesmo. Não apostem um tostão furado que topará, de cara, a derrota do seu partido só pra voltar em 2015. Ceder o poder é coisa alheia ao processo político.