Relâmpago: Revista em casa por 8,98/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Orlando: hoje pior do que ontem e melhor do que amanha. Ou: Fala de ministro na Câmara soa como chantagem à presidente. Será?

A situação do ministro Orlando Silva, do Esporte, entrou naquela dinâmica em que o hoje é sempre pior do que o ontem e melhor do que o amanhã. Quanto mais se entra na economia interna do Ministério do Esporte, mais o circo de horrores vai se expondo. Há coisa de todo tipo: falcatruas grandes, médias […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h22 - Publicado em 26 out 2011, 05h47

A situação do ministro Orlando Silva, do Esporte, entrou naquela dinâmica em que o hoje é sempre pior do que o ontem e melhor do que o amanhã. Quanto mais se entra na economia interna do Ministério do Esporte, mais o circo de horrores vai se expondo. Há coisa de todo tipo: falcatruas grandes, médias e pequenas; benefícios a “camaradas” e a familiares; incúria pura e simples… É impressionante! VEJA já denunciava a lambança em 2008. O governo do Apedeuta não fez nada à época — e como se sabe, ele estimulou, agora, Silva a resistir à pressão. E o fez pouco antes de o ministro ser chamado para conversar com a presidente Dilma Rousseff, tão logo ela voltou da Europa. Sentindo-se fortalecido, o comunista do Brasil não entregou o cargo; intimidada, Dilma não pediu. Os dois perderam um bom momento. E há, é inequívoco, indícios de que a Soberana está sendo vítima de uma espécie de chantagem do comando do PCdoB. Já volto aqui. Antes, algumas considerações necessárias.

Na sua insana batalha para preservar o cargo, Silva está deixando de lado também qualquer sentido de prudência. A decisão de ir à Câmara falar sobre a Lei Geral da Copa — como se nada estivesse acontecendo, como se ele fosse mesmo indestrutível (para lembrar o Pablo Neruda daquela carta cafona), como se estivesse no comando dos fatos — foi mais do que imprudente: foi estúpida. Enquanto ele engrolava seu discurso, deputados e deputadas, inclusive os do PCdoB, faziam outra coisa: batiam papo, liam jornal, consultavam e-mails ao celular, navegavam no iPad, olhavam para o teto… O clima esquentou quando o deputado ACM Neto (DEM-BA) pôs o dedo na ferida: “A presença de Vossa Excelência aqui é uma afronta ao povo brasileiro. O Brasil não quer Vossa Excelência cuidando da Lei Geral da Copa, e sim o quer distante do Ministério dos Esportes”. Como negar?

Ali estava um ministro agora oficialmente investigado. Já não se tem dúvida de que a pasta que ele comanda é fonte de corrupção, de desmandos, de malversação de dinheiro público. Isso está comprovado pelo próprio governo. A Controladoria Geral da União aponta desvios de R$ 40 milhões — e isso porque se avaliou apenas uma parte pequena dos contratos. O que se vai apurar agora é a responsabilidade do ministro. É pouco provável que tenha deixado ato de ofício, embora já se saiba que meteu a sua assinatura numa facilidade criada justamente para uma das ONGs de João Dias, o policial que o acusa — e isso depois de as entidades do agora denunciante já estarem sob suspeita.

O Planalto sabe que o ministro chegou ao fim da linha e, noticia-se nesta quarta, quer que o próprio PCdoB decida o seu destino. Por que não a presidente? Eis o busílis — e retomo o fio que deixei lá no primeiro parágrafo. Ao se defender pela enésima vez das acusações com o famoso “não há provas contra mim” — como se seu ministério fosse comandado por algum ET —,  Silva disse uma frase que a este escriba soou como chantagem. Explicou por que fica no ministério:
“Quem nomeia e exonera ministros é a Presidência da República. A função de ministro é uma função de confiança”.

Nesse particular, ele tem razão. Ao fazer tal afirmação, estava dizendo que segue no posto porque tem a “confiança” da presidente. Também estava afirmando que não iria se demitir. Ela que o demita se quiser e… se puder! Os indícios de chantagem estão muito claros. Nos bastidores, defensores do partido falam para quem quiser ouvir que o PCdoB age como todos os outros partidos, em especial o PT. E chegam a acusar o Ministério da Saúde como a pasta-mãe do onguismo partidário. Em último caso, estão perguntando: “Por que só com a gente?” Mais: o caminho que conduz à degola de Silva pode custar a cabeça de Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal, ex-PCdoB, hoje no PT. Convenham: basta seus antigos “camaradas” botarem a boca do trombone.

Na sua ativa insanidade, os comunistas do Brasil — e Silva em particular — exigem que Dilma sustente o insustentável. Ela piscou, e eles acharam que podem determinar o ritmo dos acontecimentos. Não podem. Neste momento, o Planalto tenta convencer o partido a aceitar, sem retaliações posteriores, a demissão do ministro. Lula, que, com a sua costumeira empáfia e disposição para confrontar o óbvio, estimulou Silva a ficar talvez tenha de ser chamado para conversar com os camaradas e bater o martelo: não dá mais!

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Ofertas exclusivas para assinatura Anual.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.