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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Não mudei de ideia, não. Eu sou é pelo pensamento sem catraca!

No post anterior, publico uma notinha sobre o que aconteceu na Arena Fonte Nova, em Salvador. A torcida continuou a cantar o Hino Nacional, mesmo sem acompanhamento, a cappella. Havia, assim, um certo clima de resistência cívica. Como publiquei a nota, alguns leitores estão perguntando nos comentários se mudei de ideia sobre o que está […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h56 - Publicado em 22 jun 2013, 21h00

No post anterior, publico uma notinha sobre o que aconteceu na Arena Fonte Nova, em Salvador. A torcida continuou a cantar o Hino Nacional, mesmo sem acompanhamento, a cappella. Havia, assim, um certo clima de resistência cívica. Como publiquei a nota, alguns leitores estão perguntando nos comentários se mudei de ideia sobre o que está em curso. Um deles ironiza: “Que é? Passou a ser a favor das manifestações agora?”. Eu não mudei de ideia, não. Eu não retiro uma vírgula do que escrevi e vou acrescentar mais um zilhão de vírgulas. A favor de manifestações, eu sempre fui. A questão, já escrevi, é, em primeiro lugar, de método. Em segundo lugar, mas não necessariamente nesta ordem, é saber o que se está reivindicando nas ruas. A terceira, quem são os interlocutores.

Houve conflitos em Salvador, no Rio, em Belo Horizonte, sei lá mais onde, neste sábado. Não dá! Elas não têm nada a ver com a democracia. E também acho falsa a ideia de que seja coisa de uma minoria. Minoria fazendo quebra-quebra do Oiapoque ao Chuí? “Ah, mas é a minoria de quem está na rua!” É… Não fosse assim, seria, então, revolução.

Na madrugada e nos próximos dias, pretendo voltar ao assunto, esclarecendo pontos, segundo meu entendimento, que ainda parecem obscuros. Há muita coisa boa e nova nisso tudo. Ocorre que o que há de bom não é novo, e o que há de novo não é bom. UM MOVIMENTO QUE TEM COMO UM DOS MOTES O ÓDIO À POLÍTICA TAMBÉM É POLÍTICO. E os que se manifestam nesse sentido não precisam necessariamente saber disso.

Ainda há leitores decepcionados comigo porque esperavam a minha adesão ao que entendem ser uma manifestação contra o governo Dilma, o PT etc. Os milhares de leitores deste blog são milhares porque esperam ler aqui o que eu penso, não o que pensa a metafísica influente: gente que se opõe ao PT e promove quebra-quebra ou é tolerante com ele; gente que se opõe ao PT e professa ódio à política (eu acho que a política tem é de ser consertada); gente que se opõe ao PT e se nega a dialogar; gente que se opõe ao PT e se confere o direito de parar a cidade e impor à coletividade à sua vontade, gente que faz isso não me interessa e não é da minha turma. Não contem comigo pra isso, não! EU COMBATO O PT É POR SEU HISTÓRICO ATAQUE À INSTITUCIONALIDADE.

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E por que não apoio? Porque, se isso tudo der certo, terminaremos todos reféns de grupelhos de opinião, eleitos por ninguém, que serão chamados de “interlocutores” da sociedade simplesmente porque se apresentaram. A maioria silenciosa ficará sem representação. Os que acham que isso é bom para a democracia estão enganados. Os que acham que isso é bom para as liberdades individuais estão enganados. Os que acham que isso é bom para a tolerância estão enganados. Um dos traços mais característicos dessa militância estridente é justamente a intolerância.

Quando eu tinha 15 anos, era fanático por Sartre. Quando tinha 22, já era uma grande admirador de Raymond Aron, aquele que viu a barbárie chegando com o Maio de 1968 na França. Quando alguns ultraliberais ou libertários estão dizendo coisas parecidas com o que dizem Vladimir Safatle e outros do gênero — porta-vozes no Brasil de Slavoj Zizek, um homem simpático a ações terroristas — ou uns ou outros estão enganados sobre o que está em curso. E eu posso apostar que os liberais estão erradíssimos.

Não! Eu não apoio as manifestações na forma como se dão. Acho que há um flerte com forças potencialmente destruidoras da democracia, dos direitos individuais e das liberdades públicas. Não custa lembrar que o programa mais radical jamais aplicado, até hoje, em nome do povo e da moralidade foi o Terror francês, que Zizek tanto admira. Aguardem mais.

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