Minha coluna na Folha desta sexta: “Fabiane e a maçã envenenada”
Leiam trechos da minha coluna da Folha: * Fabiane Maria de Jesus, a mulher que foi espancada até a morte no bairro de Morrinhos, no Guarujá, começou a ser agredida porque, ao oferecer uma banana a uma criança, foi confundida com um fantasma criado pela irresponsabilidade de uma página na internet. Tomaram-na por uma sequestradora […]
Leiam trechos da minha coluna da Folha:
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Fabiane Maria de Jesus, a mulher que foi espancada até a morte no bairro de Morrinhos, no Guarujá, começou a ser agredida porque, ao oferecer uma banana a uma criança, foi confundida com um fantasma criado pela irresponsabilidade de uma página na internet. Tomaram-na por uma sequestradora de crianças, que usaria os infantes em rituais de magia negra.
Trata-se de uma história infantil de desfecho trágico. Lá estava a bruxa da hora oferecendo uma maçã envenenada –no caso, a banana– a um inocente. O mal se apresentava nas vestes do bem, a fazer uma doação para conspurcar a pureza. À diferença da narrativa original, esta não teve um desfecho feliz. A bruxa era só uma dona de casa que tinha ido buscar a Bíblia, que esquecera na igreja. A fruta que ela oferecia era mesmo uma doação. Dava pão a quem tinha fome, a primeira virtude. Seus algozes mancharam as mãos de sangue e, no entanto, até onde se sabe, não tinham um histórico de crimes.
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Que país o nosso, não é!? Notaram como temos Estado demais em petróleo e de menos em segurança pública? Notaram como temos Estado demais em energia elétrica e de menos em educação? Notaram como temos Estado demais no setor bancário e de menos em saneamento e urbanismo? Esse Estado é gigantesco e tentacular, mas está onde não deve e não está, não de modo eficiente ao menos, onde deve. Para os que lincharam Fabiane, ela era uma criminosa, e se cultiva a certeza por lá e em toda parte de que os criminosos, neste país (como diria aquele), permanecem impunes –o que é verdade com uma frequência assombrosa. Há mais de 50 mil homicídios por ano no Brasil.
Os assassinos improvisados de Fabiane carregam nas costas um Estado que não conhecem e conhecem um Estado que não existe para eles. Organizam, então, tribunais populares, nos quais, como prova a história, a inocência é sempre a primeira vítima. Têm, sim, de pagar caro por seu ato bárbaro. Mas também vão expiar a culpa de um modelo de que são vítimas.
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