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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Lula e Obama concedem entrevistas coletivas no mesmo dia: um derrotado honra a democracia, e um vitorioso a avilta

Vocês sabem que não tenho a menor simpatia por Barack Obama porque sou “republicano”. Já afirmei que ele tem certo sotaque político terceiro-mundista, o que nada tem a ver com o seu pai queniano, obviamente. É que ele, mais do que qualquer dos presidentes americanos, demonstrou certo gosto por demonizar o antecessor, o que é […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 13h44 - Publicado em 4 nov 2010, 07h05

Vocês sabem que não tenho a menor simpatia por Barack Obama porque sou “republicano”. Já afirmei que ele tem certo sotaque político terceiro-mundista, o que nada tem a ver com o seu pai queniano, obviamente. É que ele, mais do que qualquer dos presidentes americanos, demonstrou certo gosto por demonizar o antecessor, o que é caminho certo para a perdição. Tivesse me ouvido — é ironia, viu, petralha? Petralha é burro e precisa de piada com faixa amarela de advertência para não tropeçar e cair de boca —, estaria agora em melhor situação. Foi brincar de demiurgo, vejam lá… Quando as circunstâncias favorecem esse tipo de demagogia, como no Brasil, bem; quando elas conspiram contra, o sujeito dá com os burros n’água. Adiante.

De toda sorte, há uma diferença brutal de civilidade política entre o presidente americano e o presidente brasileiro. Obama tomou a maior surra em muitas décadas nessa eleição de meio de mandato. Na Câmara, foi o vexame de que já se falou aqui. Nos governos estaduais, não foi menor: contam-se agora 31 governadores republicanos, 18 democratas e 1 independente. A exemplo de Lula, ele também deu uma entrevista coletiva.

Atenção! Vou especificar as circunstâncias: derrotado, humilhado, desenxabido, Obama concedeu uma coletiva. No Brasil, vitorioso, triunfante, orgulhoso, Lula fez o mesmo. Obama chamou para si a responsabilidade da derrota e disse que precisava dos republicanos para governar. E admitiu a “surra”. Ele admitiu. Em Banânia, este escriba apanhou de muita gente porque afirmou ontem que seu governo tinha sido “humilhado”. As normalistas politicamente corretas não aceitam que um jornalista escreva sobre o presidente americano o que ele fala sobre si mesmo. É o fim da picada!

Obama, que poderia demonstrar ressentimento — e certamente estava ressentido —, não disse uma só palavra de crítica aos republicanos; nada! É bem verdade que andou dando declarações infelizes em várias rádios antes do pleito. Mas vá lá… Estava um tantinho desesperado. Sabedor do resultado, resignou-se porque é esta a exigência das instituições americanas. Por aqui, Lula, que poderia estar de bem com a vida, não é?, por ter conseguido eleger seu poste eleitoral, soltou os cachorros nos oposicionistas. O que quer que tenha dado errado em seu governo — e, pelo visto, ele só admite um probleminha na saúde — é culpa exclusiva dos que se opuseram a ele no Congresso, onde, admite, aprovou tudo o que bem quis.

Entenderam a diferença entre alguém que se sabe obrigado a prestigiar a democracia — ou não tem mais futuro político — e alguém que sabe que  pode fazer pouco dela porque, no fundo, acabará sendo irrelevante? Se, mesmo antes da eleição, Obama tivesse dito sobre  os adversários 10% do que Lula falou ontem no Brasil, não governaria mais. Não obstante, existe nos EUA uma oposição dura, vibrante, contumaz, que não deixa chocados os americanos, não! Eles sabem que cabe à oposição… opor-se!!!. Os republicanos deixam assustados, curiosamente, alguns brasileiros! “Meu Deus! Vai que o Brasil, um dia, ainda acabe sendo uma democracia como aquela, né? Já imaginaram que desastre não seria?”

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Há certo debate que não pode ser feito de cócoras ou com as duas mãos no chão. Tem de ser com a coluna ereta.

Ainda que Obama não tenha se comportado como se comportou por gosto, a opinião pública, que se expressa numa imprensa realmente plural, e a cultura institucional a tanto o obrigam, ganhe ou perca. Por aqui, acham normal que a vitória excite a fúria do algoz.

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