ESPANTOSO: GOVENO ADMITE O DOSSIÊ. É A TERCEIRA VERSÃO!
O ridículo dessa gente não tem fim. Agora o governo admite a existência de um dossiê. O papel de áulico nesses dias deve ser uma dureza. O subjornalismo a soldo fica em desespero porque é obrigado a defender, a cada hora, uma versão.— Ordinário!— Sim, comandanta!— Escreva aí que não tem dossiê porcaria nenhuma. É […]
O papel de áulico nesses dias deve ser uma dureza. O subjornalismo a soldo fica em desespero porque é obrigado a defender, a cada hora, uma versão.
— Ordinário!
— Sim, comandanta!
— Escreva aí que não tem dossiê porcaria nenhuma. É tudo invenção daquela revista.
— Sim, comandanta! Pode deixar. Eu adoro inventar histórias.
E lá vai o coitado: “O dossiê não passa de mais uma invenção etc, etc, etc…”
Aí a versão se desmoraliza.
— Ordinário!
— Pois não, minha gerenta…
— Escreva nessa porcaria aí que fizemos tudo obedecendo a um acórdão do TCU. Mas não mostre o acórdão, hein!? Ou vão saber que é mentira.
— Claro, generala! Eu adoro agasalhar o que existe e inventar o que não existe.
— Tá, tá, deixe de babar na minha sandália, que a baba corrói o couro.
— Desculpe…
— Não encha.
E lá vai o estafeta. “Tudo o que se fez estava previsto no acórdão do TCU…”
Aí alguém se lembra de ler o acórdão do TCU — publiquei ontem o link — e verifica que é tudo mentira, né? Não existe nem mesmo sugestão. Shuááá… grogloroute… Fiuuuuuvuuupt. É uma onomatopéia de uma versão mentirosa indo embora pelo ralo…
Aí a gente lembra, como fiz ontem aqui, que a VEJA publicou, já na semana passada, a evidência escancarada de que a versão da mera digitalização de documentos é falsa. Afinal, está no documento a sugestão de que teria havido uma intersecção entre os gastos de FHC e caixa de campanha. Ora, não tendo sido o governo anterior a ter deixado confessado um crime em documento oficial, a peça é obra dos malfeitores. Que, ademais, estão, então, adulterando papéis oficiais, o que é mais um crime. Na “digitalização” tão técnica da equipe de Dilma Rousseff, aparecem termos como “uiscão”. Não existe ordem cronológica. Pessoas são chamadas quase por apelido. Há até sugestão de nomes que devem ser convocadas pela CPI.
No Globo desta segunda, o ministro José Múcio (Articulação Institucional), um dos que participaram da decisão de se escarafunchar o governo passado, segundo uma reportagem do Estadão, admite a existência, sim, do dossiê. Mas atenção para a versão.
— Ordinário!
— Sim, czarina!
— Pare de frescura, rapaz! Aja como homem!
— Ah, magnânima…
— Huuummmpppfffttt…
— Fale, que eu escrevo, Grande Sacerdotisa, minha episcopisa!
— Credo! Que nojo! Diga aí que houve, sim, dossiê. Mas que se tratou de fogo amigo. Alguém com interesse em prejudicar o governo e a ministra pinçou documentos e vazou. Tudo uma trama sórdida porque a oposição está sem bandeira.
— Mas mestra… Eu já escrevi que não existia nada. Depois escrevi que era tudo coisa do acórdão do TCU. Agora vou escrever que é dossiê, sim, mas que foi vazado???
— Não encha o saco, pô! Você é pago pra quê?
— Mas acho que nem os idiotas que me lêem vão acreditar.
— Os poucos idiotas que o lêem acreditam em qualquer porcaria.
E lá correu o ordinário para cumprir a mais nova tarefa.
Sim, vocês entenderam. Assistiram ao filme Sem Saída (No Way Out), de Roger Donaldson, com Kevin Costner e Gene Hackman? Pois é. Agora o governo está atrás do “Yuri”, o traidor — no caso do fita, ele, de fato, existia, embora nada tivesse a ver com a lambança investigada.
Tudo não passa de um truque. A porcariada estava sendo vazada para o jornalismo de Brasília. Até as pedras sabiam. E o centro de irradiação era a Casa Civil. Agora, eles querem encontrar “um” culpado pelo vazamento — que também seria responsabilizado pela feitura do dossiê.
Aos repórteres Gerson Camarotti e Isabel Braga, Múcio finge candidez: “Claro que foi alguém da equipe [da Casa Civil] com o objetivo de acirrar o ânimo entre o governo e a oposição. Foi pura maldade”.
O texto informa também que Lula estaria fazendo um mea-culpa por ter exposto demais a ministra, o que a teria transformado em vidraça… Vidraça de quem?, cumpre perguntar. Também esta crise, a exemplo de todas as outras, é obra do mais puro e genuíno petismo.
Das três explicações, a terceira é a pior. O ordinário já pode ir-se preparando para redigir a quarta.