Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

Como o esquema de Paulo Bernardo abastecia o caixa dois do PT

Além de ir para o bolso de políticos graúdos do partido, desvios foram remetidos ao caixa da legenda por meio dos ex-tesoureiros Paulo Ferreira e João Vaccari Neto, alvos da Operação Custo Brasil

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h26 - Publicado em 23 jun 2016, 22h44

Por Eduardo Gonçalves, na VEJA.com:
O esquema de corrupção montado no Ministério do Planejamento durante a gestão de Paulo Bernardofoi usado para abastecer o caixa do Partido dos Trabalhadores, segundo os autos do inquérito da Operação Custo Brasil deflagrada nesta quinta-feira. Entre os destinatários da propina, aparecem os nomes dos ex-tesoureiros do PT Paulo Ferreira e João Vaccari Neto (um sucedeu ao outro no cargo) e do ex-vereador petista Alexandre Romano, o Chambinho, que fechou acordo de delação premiada com a Lava Jato e cujos depoimentos fundamentam a operação de hoje. De acordo com as apurações, os três eram responsáveis por arrecadar dinheiro em nome do partido. Os tesoureiros tiveram a prisão preventiva decretada, junto com a do ex-ministro, pela 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo.

O objeto principal da operação é um Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a Consist e o Ministério do Planejamento, em 2010. A empresa em questão prestaria assessoria na gestão de empréstimos consignados concedidos a servidores da pasta. Como taxa de administração, os funcionários pagavam à Consist 1 real em cada parcela, enquanto o custo seria de 30 centavos, conforme os investigadores. Esse sobrepreço, que teria alcançado a cifra de 100 milhões de reais entre 2010 e 2015, era repassado para o bolso de políticos, como os ex-ministros Paulo Bernardo e Carlos Gabas, operadores do esquema e, principalmente, para o PT, por meio de dezenas de empresas-fantasmas.

O dinheiro endereçado ao partido foi intermediado inicialmente pela empresa de fachada CRLS Consultoria e Eventos, depois pela PolitecTecnologia da Informação, e, por fim, pela Jamp – as três teriam sido indicadas por Vaccari. Essa última é ligada ao lobista – e agora delator – Milton Pascowitch, que já disse à Lava Jato ter entregue dinheiro em espécie na sede do PT. Diretores da Consist relataram aos investigadores que “não houve qualquer prestação de serviço” correspondente aos pagamentos. O valor recebido por essas empresas foi de pouco mais de 10 milhões de reais em prol do PT.

Segundo os autos, após deixar o cargo de tesoureiro, Paulo Ferreira teria orientado Romano a “tratar do tema Consist” com Vaccari Neto, que havia assumido o seu lugar. Um dos argumentos que baseiam o pedido de prisão de Ferreira é que ele teria tentado “interferir” no depoimento de Pascowitch, “afinando [com ele] o discurso” a ser dito às autoridades – o que caracteriza, portanto, tentativa de obstrução das investigações.

Continua após a publicidade

Alexandre Romano, por sua vez, teria indicado para os repasses as empresas NSG TI Solution, SWR Informática, Instituto João Bastita Romano, Logix 8 Participações, Link Consultoria Empresarial, SX Comunicação e Portanova e Advogados Associados. Segundo o inquérito, parte do dinheiro era remetido a ele “por sua atuação como lobista junto ao Partido dos Trabalhadores”. Em coletiva, o procurador da República Andrey Borges afirmou que 80% da propina destinada a Romano ficava com o PT. Não é possível precisar o valor total do esquema recebido pelo partido, pois o dinheiro passava pela conta de diversas empresas até chegar ao seu destino final.

Paulo Bernardo
Em relação aos pagamentos feitos ao ex-ministro Paulo Bernardo, as evidências colhidas pelos investigadores são mais claras. A PF identificou, por meio de cerca de 100 notas fiscais apreendidas, um repasse de 7.170.031,74 reais para o escritório do advogado Guilherme Gonçalves, que prestou assessoria jurídica às campanhas da senadora Gleisi Hoffmann (PT-RR), mulher de Paulo Bernardo. Oitenta por cento desse valor seria destinado a pagar despesas do ex-ministro, como, por exemplo, a renumeração de um assessor, do motorista e do próprio advogado.

Segundo a procuradoria, o acerto inicial era de que Paulo Bernardo receberia 9,6% do total do faturamento da Consist. Quando ele deixou o Ministério do Planejamento, em 2011, para assumir o das Comunicações, a propina destinada a ele foi reduzida para 4,8%, e entre 2014 e 2015, baixou novamente para 2,9%. Quem teria assumido o seu posto como mantenedor do esquema foi o então secretário de Gestão do Planejamento, Valter Correia da Silva, que no passado deixou o cargo para ser secretário de Gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). Nesta quinta, ele pediu exoneração do cargo para se defender no caso.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.