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A reação de Aécio e considerandos

Passei uma boa parte da tarde debatendo com Frei David e tentando fazê-lo ver que só 0,5% do estoque genético nos distingue, brancos e negros, de um chimpanzé. E que, sendo a raça um conceito meramente cultural, não seria justo que o macaco se sentisse mais meu parente do que um negro… Mas havia militantes […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 23h14 - Publicado em 12 set 2006, 00h18
Passei uma boa parte da tarde debatendo com Frei David e tentando fazê-lo ver que só 0,5% do estoque genético nos distingue, brancos e negros, de um chimpanzé. E que, sendo a raça um conceito meramente cultural, não seria justo que o macaco se sentisse mais meu parente do que um negro… Mas havia militantes do Educafro ali que me trancariam numa jaula e nem mesmo me permitiram pular argolas de fogo ou andar de triciclo à volta do picadeiro… Como o Brasil perde tempo, Santo Deus! Adiante. Enquanto eu estava lá, vocês já devem ter lido que o governador virtualmente reeleito de Minas, Aécio Neves, ainda no PSDB, deixou claro que não gostou da carta de FHC, considerada desagregadora. Segundo ele, é preciso olhar para o futuro. Concordo com essa última frase.

Mas sem jamais esquecer quem fomos e quem somos. A idéia de que existe um “bem do Brasil” acima de quaisquer interesses ou escolhas — políticas, morais, econômicas, ideológicas — é só uma tolice. A política existe porque a sociedade precisa se organizar para dar uma resposta ao inevitável conflito distributivo. Fôssemos todos como nossos irmãos chimpanzés, haveria um chefe do bando, e o resto obedeceria. Um dia ele ficaria velho, e um macaco mais jovem o desafiaria para um batalha. Intenção: ficar com as fêmeas, inseminar o maior número possível delas e espalhar-se. Mas não somos chimpanzés. Temos de fazer política.

A carta de FHC não fez rigorosamente mal nenhum a Alckmin. Pelo visto, sentindo-se algo desafiado, Aécio resolveu intensificar seu apoio, explicitá-lo, o que, até havia pouco, estava mais subentendido do que dito. À diferença de São Paulo, a chapa vitoriosa em Minas é a “Lulécio”. Em São Paulo, não é a “Serrula”. Alguém pode ter alguma dúvida do teor oposicionista de José Serra? Aliás, como Mercadante não rende debate, os pronunciamentos políticos do tucano têm sido dirigidos ao Planalto. Alckmin não precisa de Serra para cuidar de sua reputação em São Paulo — ela é uma variável independente. Mas precisa, sim, de Aécio.

A reação negativa do governador só prova o que escrevi aqui tão logo a carta foi tornada pública. O recado de FHC foi dirigido mais ao público interno que externo. Chega de criar fatos consumados no PSDB na base do abafa, como se criou entre o fim do ano passado e o começo deste: o candidato, dizia-se, poderia ser qualquer um, desde que não fosse Serra. Não custa lembrar: se o agora candidato ao governo de São Paulo tivesse seguido a opinião de Alckmin, Mercadante ou Quércia estaria com os pés dentro do Palácio dos Bandeirantes. E mãos também…

Serra, com o dobro dos votos de Alckmin, abriu mão da postulação. Alckmin e Aécio falam em olhar para o futuro. Concordo. No binômio Presidência da República-Governo de São Paulo, quem viu o futuro foram Serra e FHC. No devir dos outros dois, as duas Presidências da República, a de Brasília e a de São Paulo, poderiam parar nas mãos do PT. Sugiro que sejam humildes como sou: aprendam com quem sabe mais. E FHC sabe mais.

O que interessa, agora, é que a carta deu uma chacoalhada no partido. O segundo turno é difícil, mas não é impossível. Minas pode ser importante nessa equação. A carta de FHC lembrou a todo mundo que há um eleição em 2006. A disputa de 2010 ainda está muito longe. O ex-presidente assumiu o lugar que lhe cabe. Aécio deveria agradecer. Como diz uma das passagens do Islã, do bom Islã, FHC o protegeu de si mesmo.

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