Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

A opinião é livre, mas os fatos são os fatos. Ou: Por que um historiador não é um pipoqueiro

Ô vida dura! Começo a entender melhor certas coisas. Algum fã de Francisco Carlos Teixeira, professor de história contemporânea da UFFRJ e comentarista da GloboNews, enviou uma mensagem para o blog me esculhambando. Com efeito, eu o critiquei duas vezes nesta semana. Na primeira porque, quando a Prefeitura de São Paulo foi atacada por vândalos, em […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h56 - Publicado em 22 jun 2013, 05h12

Ô vida dura!

Começo a entender melhor certas coisas.

Algum fã de Francisco Carlos Teixeira, professor de história contemporânea da UFFRJ e comentarista da GloboNews, enviou uma mensagem para o blog me esculhambando. Com efeito, eu o critiquei duas vezes nesta semana. Na primeira porque, quando a Prefeitura de São Paulo foi atacada por vândalos, em vez de ele censurar os bandidos, ele criticou o prefeito por não ter, até então, baixando a tarifa. Na segunda porque, quando a Polícia Militar do Rio reagiu às agressões que sofreu, ele, mais uma vez, poupou os marginais e criticou a… polícia!!! Desta feita, foi ainda mais longe. Deu uma receita para Dilma debelar a crise e aproveitou para atacar a aprovação em uma comissão da Câmara de um “projeto de cura gay” que custaria uma fortuna aos cofres públicos. Eita!!! Vamos ver: a) não existe um projeto de cura gay; b) o que existe é um Projeto de Decreto Legislativo que derruba duas resoluções do Conselho Federal de Psicologia. Custo para o estado: ZERO! Vale dizer: opinava sobe assunto que ignorava completamente.

Pois é… Longe de mim afirmar que ele é um descuidado sistemático em matéria de história, mas que é capaz de enormidades, ah, isso é, sim. Em 2004, o também professor de história Marco Antonio Villa publicou uma resenha na Folha sobre o lançamento da coleção “O Brasil Republicano”, coordenada por Jorge Ferreira e Lucilia de Almeida Neves Delgado. Francisco Carlos Teixeira assinou o ensaio “Crise da Ditadura Militar e o Processo de Abertura Política”. Cometeu, então, o seguinte parágrafo (em vermelho):

“Em 1968, no bojo de uma profunda crise econômica e da perda do controle das ruas e do avanço da guerrilha urbana sequestro do embaixador dos Estados Unidos, por exemplo-, produz-se o chamado golpe dentro do golpe, quando uma junta militar impede a posse do vice-presidente, o mineiro Pedro Aleixo, no afastamento por motivo de saúde do general Costa e Silva, e impõe ao país uma dura série de medidas policiais, consolidadas, numa sexta-feira 13 (dezembro, 1968, início de uma longa noite de terror), no chamado Ato Institucional nº 5″ (pág. 257).”

Continua após a publicidade

Observa o professor Villa na resenha:
“Vamos aos erros. Primeiro: em 1968 já se havia iniciado a retomada da economia, tanto que é o início do “milagre brasileiro”. Segundo: o embaixador Charles Elbrick foi seqüestrado em setembro de 1969. Terceiro: a Junta Militar toma posse em agosto de 1969. Quarto: já na Presidência, a patente de Costa e Silva era a de marechal. Quinto: o AI-5 foi assinado por Costa e Silva, e não pela Junta Militar. Convenhamos: são muitos erros para tão poucas linhas.”

Comento
Pois é… É erro demais, especialmente quando se é um historiador. Convenha-se: o juízo que se possa ter sobre isso e aquilo pode variar de acordo com ideologia, gosto etc. Mas o compromisso com o fato me parece matéria-prima essencial do historiador. Noto que, no caso do livro, ele usou os mesmos instrumentos de precisão com que analisou o ataque à Prefeitura de São Paulo, a agressão à PM do Rio e o projeto — que não existe — da “cura gay”. O que existe, e é outra coisa, não vai custar um tostão ao Estado.

A sua opinião só é considerada mais qualificada do que a de um pipoqueiro ou a de faxineiro da GloboNews porque, supostamente, dispõe de mais instrumentos para distinguir o fato da ficção.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.