A NOTA DO ITAMARATY E O FATOS
O Itamaraty divulgou uma nota de protesto contra o incidente envolvendo as forças israelenses e o tal comboio dito humanitário. Leiam o texto. Volto em seguida: * “Ataque israelense à “Flotilha da Liberdade” Com choque e consternação, o Governo brasileiro recebeu a notícia do ataque israelense a um dos barcos da flotilha que levava ajuda […]
O Itamaraty divulgou uma nota de protesto contra o incidente envolvendo as forças israelenses e o tal comboio dito humanitário. Leiam o texto. Volto em seguida:
*
“Ataque israelense à “Flotilha da Liberdade”
Com choque e consternação, o Governo brasileiro recebeu a notícia do ataque israelense a um dos barcos da flotilha que levava ajuda humanitária internacional à Faixa de Gaza, do qual resultou a morte de mais de uma dezena de pessoas, além de ferimentos em outros integrantes.
O Brasil condena, em termos veementes, a ação israelense, uma vez que não há justificativa para intervenção militar em comboio pacífico, de caráter estritamente humanitário. O fato é agravado por ter ocorrido, segundo as informações disponíveis, em águas internacionais. O Brasil considera que o incidente deva ser objeto de investigação independente, que esclareça plenamente os fatos à luz do Direito Humanitário e do Direito Internacional como um todo.
Os trágicos resultados da operação militar israelense denotam, uma vez mais, a necessidade de que seja levantado, imediatamente, o bloqueio imposto à Faixa de Gaza, com vistas a garantir a liberdade de locomoção de seus habitantes e o livre acesso de alimentos, remédios e bens de consumo àquela região.
Preocupa especialmente ao Governo brasileiro a notícia de que uma brasileira, Iara Lee, estava numa das embarcações que compunha a flotilha humanitária. O Ministro Celso Amorim, ao solidarizar-se com os familiares das vítimas do ataque, determinou que fossem tomadas providências imediatas para a localização da cidadã brasileira.
A Representante do Brasil junto à ONU foi instruída a apoiar a convocação de reunião extraordinária do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir a operação militar israelense.
O Embaixador de Israel no Brasil está sendo chamado ao Itamaraty para que seja manifestada a indignação do Governo Brasileiro com o incidente e a preocupação com a situação da cidadã brasileira.”
Comento
Trata-se de uma linguagem desavergonhadamente militante, o que não faz sentido na diplomacia. Havia meios de o Brasil expressar sua censura sem incorrer no proselitismo. Celso Amorim se acostumou a falar a parvos. Por que ele não explica que princípio do direito internacional autoriza que um bloqueio seja furado por “entidades internacionais”, sejam elas quais forem? Mais: Israel já havia deixado claro que não permitiria a chegada da tal flotilha “da liberdade” (!?!?!?!) a Gaza.
A hostilidade do governo Lula a Israel é conhecida e antiga. Não é a primeira vez — nem o Conselho de Segurança é o primeiro fórum em que isso se dá — que o Brasil tenta impor sanções morais ao país. Pode defender o Sudão; pode defender com unhas, dentes e cauda, o Irã, mas jamais encontrará ao menos a linguagem do comedimento para Israel.
Como Amorim é um destrambelhado, a nota não se limita a censurar o episódio em si e a expressar a sua preocupação. Vai logo exigindo o fim do bloqueio a Gaza. Por que não exige também o fim do terrorismo do Hamas, por exemplo?
Reitero: ajuda humanitária organizada por Bülent Yildirim não passa de piada macabra, e o fim não poderia ser outro. Divulguei o filme da abordagem. Vejam lá, logo nos primeiros segundos, um grupo de “pacifistas”, como chama Amorim, jogando um soldado israelense do convés de cima para o debaixo. A intenção, obviamente, era matá-lo. Em nome da liberdade.
Israel havia advertido há mais de uma semana que não permitiria que as embarcações chegassem a Gaza. Na abordagem, tentou convencer os militantes a mudar de rumo. Tudo em vão. Se a intenção era matar gente, poderiam tê-lo feito do alto, atirando do helicópero. Como as imagens deixam claro, os soldados são atacados pela turba quando descem no convés. E reagiram como… soldados. Alguma surpresa nisso?
Era o que queriam Yildirim e o Hamas? Possivelmente, sim! Nem por isso Israel deveria deixar de fazer o que tinha de ser feito: impedir a flotilha furar o bloqueio. É simples e complexo assim.