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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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A eleição do DCE da USP se aproxima. A maioria silenciosa pode votar já contra a greve que “eles” decidiram fazer no ano que vem. Abaixo, o que pensa a chapa “Reação”. Ou: a tecnologia já pode revelar a vontade da maioria. Abaixo os dinossauros!

O Diretório Central dos Estudantes da Universidade de São Paulo elege a nova direção entre os dias 22 e 24 deste mês. Nunca as instâncias da universidade precisaram tanto, como precisam agora, ouvir a voz da razão, do equilíbrio, do bom senso. A maioria silenciosa da USP tem de saber que os grupelhos de extrema […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h11 - Publicado em 13 nov 2011, 06h31

O Diretório Central dos Estudantes da Universidade de São Paulo elege a nova direção entre os dias 22 e 24 deste mês. Nunca as instâncias da universidade precisaram tanto, como precisam agora, ouvir a voz da razão, do equilíbrio, do bom senso. A maioria silenciosa da USP tem de saber que os grupelhos de extrema esquerda – entre alunos, professores e funcionários – estão se organizando para, junto com os petistas, “decretar”, no ano que vem, o que pretendem que seja “a maior greve em dez anos”. Por qual motivo? Cinicamente, eles dizem em seus fóruns que “os motivos vêm depois”. Outros afirmam abertamente: “É para quebrar a espinha do Alckmin e do PSDB”. Querem fazer guerra política jogando com o curso, a carreira e o destino de milhares de estudantes. Para eles, tanto faz! Não estudam mesmo! Estão na universidade para cumprir tarefas partidárias.

Abaixo, segue uma entrevista com membros da chapa “Reação”. É a única não-esquerdista entre as que disputam o DCE. Também é a única que não conta com “estudantes profissionais”. Entre seus 61 membros, apenas sete são filiados a partidos. A filiação, já escrevi aqui, não é um mal em si ou um crime. É um direito democrático. Usar a USP para fortalecer uma agremiação ou seita é que é prática criminosa.

Votar ou não votar pode ser decisivo, alunos da USP, para garantir a sua paz no ano que vem. Votar ou não votar pode ser decisivo para garantir a sua segurança no ano que vem. Votar ou não votar pode ser uma escolha entre a democracia na universidade e a ditadura da minoria. Segue entrevista com Rodrigo Souza Neves (Gestão de Políticas Públicas – EACH, já graduado em História – FFLCH), Winicius do Carmo (Ciências Sociais – FFLCH), José Oswaldo de Oliveira Neto (Engenharia Elétrica – Escola Politécnica); Lucas Sorrillo (Engenharia de Materiais – Escola Politécnica); Edgar Cutar Junior (Engenharia Florestal – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ) e Flavio “Morgenstern” (Letras, Alemão, FFLCH).

Vejam o que eles pensam e quais são as suas propostas. Uma delas me parece central: a USP já dispõe hoje de tecnologia para saber o que realmente pensam e querem os estudantes por meio de votações eletrônicas. Diz um dos entrevistados:
“Nas assembléias, marcadas invariavelmente no horário das aulas, são ‘decididas’ pautas impostas pela mesa, no olhômetro e por uma minoria que mata as aulas. Se as propostas, algumas até criminosas, não são aceitas, fazem outra até dar o resultado que querem, como se deu na invasão recente. Votação eletrônica mostra a real vontade dos estudantes da USP, que estudam e trabalham e não têm tempo a perder com assembléias.”

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Perfeito! Segue a entrevista. Reitero: essa questão não interessa só à USP. A reação dos bons interessa ao Brasil.

O que é a chapa “Reação”?
Winicius do Carmo –
A chapa Reação é uma coalizão de estudantes dos mais variados cursos e campi da Universidade de São Paulo, os quais se uniram para reagir ao cenário antidemocrático do Movimento Estudantil da USP. A chapa Reação surge em meio à forte mobilização dos estudantes contra as atitudes autoritárias da atual gestão do DCE e de grupos radicalizados que promoveram a invasão e depredação dos edifícios da Administração da FFLCH e da Reitoria da USP. O grupo possui suas origens nas chapas Reconquista (2009) e Liberdade (2010), as quais foram compostas pelo Movimento Liberdade USP – grupo apartidário de oposição não-marxista ao DCE. O objetivo da chapa é promover a democratização do movimento estudantil da USP e resgatar a representatividade do DCE perante os estudantes, sempre se opondo ao aparelhamento político-partidário existente no movimento estudantil brasileiro, especialmente na USP.

Qual é a diferença entre a chapa “Reação” e o “Movimento Liberdade USP”?
José Oswaldo de Oliveira Neto –
O Movimento Liberdade USP é um dos grupos que compõem a coalizão da chapa Reação, porém não é a sua totalidade. Além do Movimento Liberdade USP, compõem a chapa Reação segmentos dos grupos “A USP pode mais”, de alunos de Ciências Sociais, e “União da Juventude Brasileira”, além de estudantes independentes desses grupos. Os integrantes dessa candidatura compartilham dos mesmos ideais, como democracia representativa, liberdade individual de pensamento, manifestação e excelência acadêmica e foco nos interesses dos estudantes.

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Vocês têm contato com o pessoal da “Liberdade UnB”, que venceu lá a disputa para o DCE?
Rodrigo Souza Neves –
Desde 2009 o Movimento Liberdade USP mantém contato com o Liberdade UnB, e, desde 2010, há uma aliança entre os dois grupos, caracterizada por um apoio mútuo na oposição à partidarização do Movimento Estudantil e pela troca de experiências e informações.

Na opinião de vocês, qual é a principal tarefa de um Diretório Central de Estudantes numa sociedade democrática?
Lucas Sorrillo –
Um Diretório Central Estudantil deve trabalhar na união de todos os centros acadêmicos de uma universidade, não apenas daqueles que comungam de seus ideais político-partidários, como tem ocorrido ultimamente no Brasil, especialmente na USP. Uma instituição do porte da USP é muito visada na sociedade, um centro acadêmico de nossa universidade não pode ser deixado sozinho, sem apoio institucional. O DCE deve ser a entidade que primeiro recebe as críticas, que apóia e dá suporte às ações dos alunos de todo e cada curso que representa.

Um DCE deve servir, também, como a entidade que reivindica e legitima anseios de cada aluno, de cada centro acadêmico, de cada grupo de cultura e extensão, empresa Junior, associação atlética, enfim, de cada entidade que une e representa estudantes, perante sua universidade. Sempre atuando em prol da ampliação e melhoria da infra-estrutura e qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão, ou seja, do desenvolvimento técnico-científico e humano da universidade e da sociedade.

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Mais um ponto de extrema importância na tarefa de um DCE é levar aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário as necessidades dos estudantes de um município, de um estado ou de todo o país. A UNE pode ser citada como exemplo disso, entretanto após o movimento dos “cara-pintadas”, devido ao aparelhamento partidário, essa instituição deixou de ser representativa e, hoje, não passa de uma produtora de carteirinhas. Guardando as devidas proporções, isso acontece na USP. O DCE deixou de ser representativo, e hoje, apenas corrobora políticas partidárias da extrema-esquerda, numa oposição viciada a qualquer forma de poder existente no país, até mesmo à Constituição como um todo. De fato, em algumas situações, essas duas entidades reivindicam interesses dos estudantes, porém, mesmo tendo objetivos justos, fazem da maneira errada: reivindicam de maneira radical e sem apresentar propostas dos métodos que devem ser usados para se alcançar tais metas. Além disso, falta na USP a iniciativa do diálogo. Os estudantes que comandam o DCE há vários anos sempre partem para atitudes radicais, como greves, invasões e difamações.

Quantas pessoas na chapa têm filiação partidária?
Rodrigo Souza Neves –
Sete pessoas, sendo seis filiadas ao PSDB e uma ao PV. Entretanto, cabe ressaltar que estes não possuem o caráter de “militantes profissionais” como freqüentemente se vê entre os grupos de esquerda do movimento estudantil, em que, muitas vezes, os militantes não só são filiados como são funcionários e membros da hierarquia dos partidos. Também é preciso ressaltar que todos esses assumiram o compromisso de deixar suas fidelidades e simpatias partidárias para fora dos muros da universidade, diferentemente do que ocorre na prática dos partidos de extrema esquerda presentes na USP.

Por que é tão difícil convencer o estudante que realmente estuda a votar?
Edgar Cutar Junior – Quem estuda hoje na USP dificilmente se sente representado pelo DCE devido a uma contínua sucessão de gestões ligadas a partidos de extrema esquerda, as quais utilizam de fóruns ilegítimos e métodos autoritários para impor a vontade de uma minoria perante a maioria dos alunos. Entre essas ações, encontram-se a promoção e apoio a greves impopulares, com causas muitas vezes opostas aos interesses dos estudantes; a recorrente prática de invasões e depredações de prédios públicos da universidade e o cerceamento do direito de ir e vir dos estudantes por meio de barricadas e piquetes.

Tudo isso fez com que os estudantes de verdade pegassem asco de uma entidade que supostamente deveria representar a todos, não somente os que fazem parte da própria gestão, como vem acontecendo. No caso específico dos campi do interior [Ribeirão Preto, São Carlos, Piracicaba, Lorena, Bauru e Pirassununga], o sentimento de desinteresse e falta de representatividade por parte do DCE é agravado pela quase total desconexão do DCE da realidade desses campi e práticas que impedem a participação destes estudantes no processo decisório.

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Entre tais práticas está um tratamento patrão-funcionário por parte dos “coordenadores de campi” do DCE – quase sempre estudantes de Ciências Sociais, da capital, que visitam esporadicamente outros campi – com relação a seus pares.  Outro elemento desmotivador é a prática, por parte da gestão do DCE, de excluir a participação dos estudantes do interior ao se convocarem assembléias, reuniões e Conselhos de Centros Acadêmicos quase que somente na capital paulista.

Todos esses fatores geram um desinteresse destes estudantes e uma sensação, real, de que a gestão do DCE não faz a menor diferença no dia-a-dia dos estudantes desses campí; e que os braços do DCE só alcançam o interior em tempos de eleição, em que milhares de panfletos e militantes até mesmo de outras universidades rondam os campi em busca de “gado eleitoral”.

A PM deve continuar a fazer o policiamento do campus?
Lucas Sorrillo –
Não cabe a uma gestão de DCE decidir isso em nome dos alunos. Cabe à gestão do DCE consultar os alunos, por meio de um plebiscito, e acatar a decisão tomada pela maioria dos estudantes. E, nessa questão, em plebiscitos realizados na FEA, POLI e num geral, organizado por alunos da EACH, mais de 60% dos estudantes se manifestaram favoráveis a essa posição.

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Inclusive um representante do Grêmio da POLI, encaminhou pedido oficial ao DCE para que realizasse, após muitos debates com os alunos para informar os estudantes, um plebiscito amplo, geral e transparente na USP sobre segurança. Entretanto, a atual gestão negou o pedido, alegando que um plebiscito não representa a vontade real dos alunos. Ao que tudo indica, eles preferem assembléias em que se vota por contraste, e não se tem nem a certeza de que todos os presentes são estudantes.

Digam-me três propostas que vocês consideram centrais ou três compromissos da chapa caso vença a eleição.
Rodrigo Souza Neves –
1) Representatividade real dos estudantes e independência plena do DCE perante os interesses do Sindicato dos Trabalhadores da USP e de partidos políticos. DCE para, pelo e do estudante. 2) Democratização dos fóruns do movimento estudantil e consulta plebiscitária de temas de grande importância, como forma de evitar decisões tomadas em assembléias sem representatividade realizadas nos campi da capital. 3) Reestruturação financeira, transparência nas contas e atos do DCE e um projeto de captação de recursos para a universidade baseado no Endowment da Escola Politécnica

Quem tem medo da chapa “Reação” na USP?
Flavio “Morgenstern” – Entre todas as chapas inscritas, aparentemente os criminosos da USP apenas temem a chapa “Reação”. É um excelente indício. Tais crimes, que vão de dano ao patrimônio a lesão corporal (já houve casos até de envenenamento de comida do Bandejão), são chamados de “perseguição política”. São crimes comuns que nunca são divulgados.

Quem mais teme a chapa, portanto, é a retórica: uma vitória da única chapa não-esquerdista mostra, afinal, que a comunidade acadêmica não quer crimes, invasões, depredações, greves, piquetes, agressões físicas, como de estudantes que declaram que “por enquanto a gente optou por não impedir fisicamente a entrada dos estudantes”. Assim, não se pode mais falar em nome dos “estudantes”.

Outro temor com a chapa é a proposta da realização de plebiscitos eletrônicos para votações, através de sistemas próprios da USP como o Júpiter Web. Nas assembléias, marcadas invariavelmente no horário das aulas, são “decididas” pautas impostas pela mesa, no olhômetro e por uma minoria que mata as aulas. Se as propostas, algumas até criminosas, não são aceitas, fazem outra até dar o resultado que querem, como se deu na invasão recente. Votação eletrônica mostra a real vontade dos estudantes da USP, que estudam e trabalham e não têm tempo a perder com assembléias.

Os resultados até agora são acachapantes: praticamente 80% da USP quer a PM no campus e é contra greves e invasões. Aqueles que querem impor sua vontade à força têm mesmo razão para temer uma chapa democrática, onde um homem significa um voto.

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