Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Raphael Montes

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

Um número infinito

Cada vida vale muito porque transforma outras. Fiquem em casa

Por Raphael Montes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 15h07 - Publicado em 3 abr 2020, 06h00

Há um vídeo circulando na internet em que informam a um sujeito que 740 pessoas morrem de gripe a cada ano no país. É um número absurdo, o sujeito diz. Então, perguntam a ele que número de mortes julgaria “razoável”. Sem tanta certeza, ele responde: “Umas oitenta?”. Nesse instante, oitenta pessoas dobram a esquina e caminham na direção dele. Só aí, com a massa de gente viva caminhando unida, é que nos damos conta (e o sujeito também) de que oitenta é um número brutal, avassalador. Um número que tende ao infinito: em oitenta pessoas, há infinitos sonhos, infinitas relações familiares, infinitos sentimentos. Por meio de um exemplo tão ilustrativo, entendemos que a resposta correta à pergunta é zero. Só pode ser zero. Qualquer resposta diferente corresponde à barbárie.

É curioso que, em tempos de quarentena, a arte venha reafirmando sua força e importância, até para os mais céticos. Quando tudo estava calmo, muitos esbravejavam que artistas eram “vagabundos” ou “inúteis”. Defendiam a ideia de que incentivos do governo eram “mamata”. Nesta situação extrema, são essas mesmas pessoas que, em casa, estão lendo, ouvindo músicas, vendo filmes e séries. De nosso lado, os artistas, temos feito a nossa parte.

Na literatura, editoras e escritores oferecem e-books gratuitos. A Companhia das Letras criou a campanha #LeiaEmCasa e liberou, até 6 de abril, dez e-books, como Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, Verissimas, de Luis Fernando Verissimo, e Viagem ao Centro da Terra, de Júlio Verne. O Vilarejo, de minha autoria, também está disponível de graça. Leya, L&PM, Martin Claret, HarperCollins e Rocco disponibilizam livros diversos a cada dia, como o ótimo Mulheres Empilhadas, de Patrícia Melo, e Arsène Lupin, O Ladrão de Casaca, de Maurice Leblanc. Sem falar nas centenas de bate-papos com escritores nas redes sociais, claro.

“Em tempos de quarentena, a arte vem reafirmando sua força e importância, até para os céticos”

Continua após a publicidade

As lives, aliás, têm sido um importante meio de contato em tempos de isolamento. Em seus perfis, cantores fazem apresentações semanais. Quando chega a noite, já me acostumei a escutar a voz sensível de Roberta Sá em seu Sarau da Sá. Nestes dias, ainda ouvi Chico César, Teresa Cristina, Dudu Nobre, Filipe Catto e Adriana Calcanhotto, graças aos vários festivais on-line que foram criados, como o Lá em Casa e o #TamoJunto. Peças teatrais também estão disponíveis on-line, como Os Sertões, do Teatro Oficina, Todos os Sonhos do Mundo, do grupo Satyros, e Alair, de Gustavo Pinheiro. Atores fazem seus espetáculos em lives, como Debora Olivieri, em Rosa, e Luis Lobianco, em Buraco Show Cabaré Online. Sem falar nos museus com tours virtuais, uma viagem sem sair de casa, como o Louvre, o Metropolitan, a Capela Sistina e os nossos Masp e Inhotim.

A arte tem sido companheira em tempos duros, seja como alívio, seja como reconexão. Não consigo terminar o texto sem pensar em Daniel Azulay, morto no último dia 27. Foi com Azulay que tomei coragem de desenhar e me apaixonei por mágica. Cada vida vale muito porque transforma outras. Azulay transformou a minha e a de muitas crianças. Infelizmente, não é só uma gripezinha. Fiquem em casa. E apreciem a boa arte.

Publicado em VEJA de 8 de abril de 2020, edição nº 2681

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.