Novo diretor do FNDE é homem de confiança de Valdemar Costa Neto
Garigham Amarante tem duas décadas ligadas ao PL, que já foi PR, partido que tem um só comandante
O advogado Garigham Amarante Pinto, que tem as duas últimas décadas de sua história ligada ao PL e na cota do patrono da legenda, Valdemar Costa Neto, é o nome do Centrão para diretoria de Ações Educacionais do FNDE.
A escolha surpreendeu. Garigham, como é chamado e conhecido, chefiou o gabinete da liderança do partido na Câmara em gestões de Valdemar, claro, Garotinho, Sandro Mabel, Luciano Castro e todos que, desde 1998, passaram por ali. Até chegar agora a Wellington Roberto.
Conhecido nos corredores da Câmara, bem quisto pelos colegas e próximo de jornalistas, Garigham, agora, deu essa escorregada. Ao aceitar o cargo, colou sua imagem ao fisiologismo.
Ele não é um servidor de carreira da Casa, sempre teve cargo de confiança. Por essa condição, nunca poderia ser, de direito, chefe de gabinete. Mas, de fato, sempre o foi. Tudo ali passa, ou passava, por ele.
O PL é o antigo PR. Ou o PR é o antigo PL, que se rebatizou com esse nome. A causa foi o escândalo do mensalão, entre outros infortúnios escandalosos. Valdemar foi condenado e preso no mensalão, e outras figuras da legenda se enrolaram com a Justiça também.
Nessa troca, Garigham perde dinheiro – troca um salário bruto de CNE de R$ 20 mil por um DAS de R$ 14 mil -, mas ganha poder.
Procurado pelo Radar para explicar a razão de ter aceitado esse cargo, respondeu:
“O líder (Wellington Roberto) me perguntou se eu queria, se eu topava. Disse que sim, se puder ajudar”.
Nova pergunta: mas é um assunto que não domina.
“Em vinte anos na Câmara a gente conhece as matérias. Na Câmara tem assessoria, área técnica. Mas estou me inteirando. E a gente estuda e aprende. Estou aprendendo”.
Fale o que quiser de Garigham, mas é um “quadro ficha limpa” do partido, disse um deputado, que pediu anonimato e que conviveu com ele durante, ao menos, uma década.
O que não é pouco para uma legenda que teve não só deputado, mas assessores citados em rolos por aí.
Os relatos apontam que ele se encontra com certa regularidade com Valdemar, o comandante que não vai ao Congresso Nacional e detesta a posteridade. Mas está mais próximo do Palácio do Planalto do que se imagina.
Garigham diz não ser bem assim e afirma que o último contato que teve com Valdemar foi quando ele renunciou ao mandato de deputado, em dezembro de 2013.
“Não tenho contato com ele. Último tratamento que tivemos foi quando renunciou”.
A proximidade com Valdemar seria mera fama e maledicência da imprensa.
“O que vende é isso”.
Mas como se manteve em posto relevante na liderança de um partido que Valdemar manda e desmanda?
“Fiquei, continuei na liderança porque acho que fiz um bom trabalho. Ali, é como se fosse uma empresa privada. Se não fizer bem, é rua. Tanto que seus colegas estão dizendo: ‘vamos perder um bom contato aqui na Câmara'”, contou.
Foi questionado, então, se Valdemar não teve peso na sua indicação para o FNDE?
“Não, que eu saiba”.
O novo diretor do FNDE ainda não esteve e nem conversou com o ministro Abraham Weintraub, seu futuro chefe. Talvez isso seja um mero detalhe.