Ministério da Saúde exonera diretor que negociou vacinas com reverendo
Servidor participou de negociação para doses da AstraZeneca com o religioso

O governo federal exonerou na manhã desta quinta-feira, 8, o diretor de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Lauricio Monteiro Cruz.
Seu desligamento foi publicado na edição desta quinta do Diário Oficial da União. Lauricio havia sido nomeado pelo ex-ministro da pasta, o general Eduardo Pazuello.
A situação do servidor ficou insustentável depois que no sábado vieram a público trocas de emails entre ele e o reverendo Amilton Gomes de Paula, fundador de uma entidade privada de filantropia, que se ofereceu para intermediar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca para o governo federal. A negociação foi revelada pelo Jornal Nacional.
Essas doses negociadas pelo reverendo seriam adquiridas da Davati Medical Supply, empresa americana que está no centro da polêmica da compra de vacinas pelo governo de Jair Bolsonaro.
A mesma Davati é mencionada no caso de suspeita de corrupção para a aquisição de doses da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde. O cabo da PM Luiz Paulo Dominguetti se apresentou como representante comercial dessa empresa no Brasil para negociar a venda de imunizantes junto ao governo federal.
Foi Dominguetti quem revelou que o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, pediu propina de um dólar por dose em um contrato de 400 milhões de doses da vacina indiana Covaxin.
Ao que tudo indica, Dominguetti e a Davati são parte de um esquema fraudulento de venda de vacinas a governos no Brasil e no exterior. O suspeita de fraude está sendo investigada pela CPI da Pandemia no Senado.