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Dedé Santana é autorizado a captar R$ 998 mil pela Lei Rouanet

Bolsonarista, ex-Trapalhões teve projeto de circo aprovado na lei federal

Por Lucas Vettorazzo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 jul 2021, 17h13 - Publicado em 8 jul 2021, 08h30

O humorista Dedé Santana, um dos fundadores do grupo Os Trapalhões e bolsonarista declarado, foi autorizado a captar 998.367,48 reais em patrocínios pela Lei Rouanet de incentivo à cultura.

Seu projeto, um circo itinerante que mistura cinema, teatro e performance de palhaços pelo interior de São Paulo, foi homologado nesta terça-feira, 6, pelo ex-policial militar André Porciúncula Esteves, que atualmente comanda a Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura.

Na primeira versão dessa reportagem, publicada em 8 de julho, a coluna disse que Dedé recebeu autorização para captar 246.732,48 reais a mais do que o pedido originalmente pelo projeto. E que o valor total autorizado a captar seria de 1,2 milhões de reais. Essas informações constavam do sistema que faz a gestão dos pedidos de projetos da Lei Rouanet, chamado Salic. Com o número do projeto é possível fazer uma pesquisa pública sobre seu andamento. A reportagem fez uma consulta no dia 6 de julho em que os valores constavam no sistema. Em consulta no último dia 14, o valor havia sido modificado e corrigido para baixo.  

A área de fomento cultural no governo do presidente Jair Bolsonaro está sem contratar pareceristas desde o ano passado. A homologação dos projetos, fase em que os produtores são autorizados a receber o dinheiro dos patrocinadores privados, está funcionando a conta gotas e sob discrição exclusiva de Esteves, que é uma pessoa que reconhecidamente não tem experiência no setor. No fim de junho, ele recebeu uma lista com a sugestão da área técnica para a homologação de 139 projetos inscritos na lei.   

Nesta semana, a servidora número dois da secretaria  avisou aos produtores culturais que foi montado um “grupo emergencial” que funcionará por dois meses para “desatolar” os pedidos na lei de incentivo. A ideia é que as liberações aconteçam de 15 em 15 dias, mas ainda em um volume reduzido de seis projetos por vez.

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A produção de Dedé, o Cine Circo Teatro Itinerante Dedé Santana, esteve nesta primeira leva de aprovações. Segundo a proposta registrada pelo humorista no sistema federal, o projeto teria quatro dias de espetáculos e um público final de 44.000 pessoas. Segundo a produtora do espetáculo, não foi cobrado ingresso para o evento. 

A relação de Dedé com o presidente não é de agora. Em outubro de 2018, a seis dias do primeiro turno das eleições presidenciais, o humorista visitou Bolsonaro, a quem chamou de “meu mito” e “salvador”. O encontro foi alinhado pelo também humorista bolsonarista Paulo Cintura. Os dois posaram para uma foto com o então candidato, que ainda se recuperava da facada, ao centro.   

Em 29 de janeiro do ano passado, Dedé foi o único convidado “não sertanejo” em um evento no Palácio do Planalto com o presidente e cantores do estilo musical. Dois dias depois do encontro, ele disse ao jornal O Globo que buscava na ocasião chamar a atenção de Bolsonaro para “a situação agonizante” dos pequenos circos no país e contou ainda que tinha um projeto itinerante a preços populares por cidades do interior.  

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Exatos quatro meses depois dessa entrevista, em maio, Dedé deu entrada com seu projeto para avaliação na lei de incentivo à cultura federal, mas não sem antes, em abril, dizer em uma conversa publicada pela Folha que a então secretária especial de Cultura, Regina Duarte, havia trazido “grande esperança aos circenses” por causa de uma homenagem que ela fez por ocasião do dia do circo.

ATUALIZAÇÃO, 14/07/2021 – 17hs: A Dedé Santana Produções entrou em contato com o Radar pedindo correção de informações nesta reportagem. O valor aprovado para a captação do projeto foi de 998.367,48 reais e não 1,2 milhão de reais como inicialmente informado por essa coluna. O texto e o título foram corrigidos. A produção também informou que o projeto foi totalmente gratuito para o público e não só a metade da audiência, como disse esta nota. O texto foi modificado.

 

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