Congresso já descarta agenda de reformas sob Bolsonaro
Sentimento no Parlamento é de que a eleição já começou e não há interesse do Planalto em realizar mudanças estruturais
O governo de Jair Bolsonaro abandonou qualquer esforço no sentido de aprovar uma reforma tributária ainda neste mandato, na avaliação de parlamentares que participaram de almoço promovido nesta terça pela Frente Parlamentar do Empreendedorismo. O sentimento dos deputados traduz o que senadores e líderes partidários das duas Casas andam dizendo em outras reuniões do tipo: sob Bolsonaro, nada mais será votado em matéria de grandes reformas.
Enquanto a CNI cobrava empenho do governo na agenda reformista, em evento em Brasília, os deputados que participaram da reunião descartavam qualquer possibilidade de avanço da reforma tributária durante o atual mandato de Bolsonaro.
Na avaliação dos deputados presentes, é até possível que o ministro da Economia, Paulo Guedes, deseje alterar o sistema tributário, mas tem sido atropelado pelo presidente da República, que está 100% focado em 2022.
“É preciso iniciar o debate”, defendeu o deputado Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP), que apresentou sua Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 07/2021 durante o encontro.
Ainda que Bragança esteja engajado em reunir apoio, a avaliação feita por deputados de diferentes partidos é que uma reforma do tipo só ocorrerá após as eleições, durante o primeiro ano de um novo governo.
Parlamentares criticaram, inclusive, que o discurso da campanha de Bolsonaro, “menos Brasília, mais Brasil”, jamais foi posto em prática, o que tornou-se simbólico sobre o real ímpeto do governo em avançar de fato com uma reforma tributária. Criticaram também que poucas reformas foram feitas nos últimos anos, com exceção da reforma da Previdência, cujo êxito atribuem à discussão iniciada ainda no governo Michel Temer.