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Como Bolsonaro prepara o ‘tiro de misericórdia’ em Mandetta

Militares do Planalto tentam evitar queda, mas já reconhecem que o ministro pode não terminar a semana no cargo

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 abr 2020, 13h03 - Publicado em 6 abr 2020, 13h01

Com o Brasil entrando no período mais crítico da pandemia de coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro deu, nas últimas horas, o passo definitivo para tirar o ministro Luiz Henrique Mandetta do governo.

Para desespero do núcleo militar do Planalto, que tenta evitar a demissão do chefe da Saúde, Bolsonaro liberou o núcleo ideológico vinculado ao chamado gabinete do ódio a vasculhar o passado do ministro de modo a identificar supostos pecados de Mandetta.

O objetivo da ação aloprada é difamar o ministro e criar as condições necessárias — leia-se a narrativa aceitável ao bolsonarismo — para que o presidente cumpra a promessa de “usar sua caneta” contra o auxiliar. O foco da ação está no passado das contas eleitorais de Mandetta, mas a turma também procura dentro do próprio governo. Nas últimas horas, um elemento já foi identificado pelos inimigos do ministro. Para variar, uma fake news.

Com o aval do presidente, os bolsonaristas começaram a martelar em grupos de WhatsApp uma “denúncia” contra Mandetta. O texto diz que o ministro, “de forma silenciosa e sem o aval do planalto”, renovou contratos de publicidade de 1 bilhão de reais, firmados por Dilma Rousseff em 2016, com agências de publicidade que agora “alimentam a mídia contra Bolsonaro”.

Seria essa verba bilionária que teria tornado Mandetta um fenômeno de popularidade, não seus atos na condução guerra ao coronavírus. “Mandetta virou o ministro queridinho da extrema imprensa, pois o Ministério da Saúde escoa recursos para empresas de comunicação como Globo e Band”, registra o texto. Há, no texto, até espaço para uma conspiração com a China, suposto parceiro oculto da imprensa na luta contra Bolsonaro.

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Um ministro do governo gastando uma verba bilionária com agências que financiam clandestinamente emissoras de TV inimigas do presidente? Eis um justo motivo para demissão, certo? A verdade, no entanto, é bem menos emocionante.

Mandetta simplesmente deu continuidade a um contrato de 250 milhões de reais com quatro agências que já prestavam serviços à pasta, o que estava previsto no orçamento do próprio governo Bolsonaro. Não é preciso dizer, no entanto, que o presidente já comprou a versão da conspiração de Mandetta com publicitários petistas e a “extrema imprensa” para derrubar o seu governo.

Acompanhando toda a loucura em curso, o chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e o chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto tentam convencer o presidente a não demitir Mandetta. O núcleo militar avalia que a saída do comandante da Saúde desmobilizará toda a estrutura montada na pasta, pois outros integrantes do time de Mandetta se demitiriam com ele.

Num momento de agravamento da crise, com o país iniciando a chamada “subida da curva” de infectados e mortos pelo coronavírus – já são quase 500 mortos e mais de 11.000 infectados –, reorganizar o trabalho em curso com novas pessoas seria um trabalho arriscado. Essa posição também é compartilhada por Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência.

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Bolsonaro, no entanto, avalia que os militares estão preocupados em manter de pé justamente a estrutura que ele quer mudar na condução da Saúde. Com Osmar Terra praticamente escalado para assumir o lugar de Mandetta, o governo só teria de reescrever orientações de confinamento e tocar o trabalho de logística já articulado pela Saúde e outros órgãos da máquina.

Bolsonaro não precisa da estrutura para evitar o contágio. Ele é partidário do que defende Terra, a contaminação deliberada como forma de combate à pandemia. As próximas horas serão de guerra no Planalto, com o núcleo militar lutando contra o clã ideológico bolsonarista para manter Mandetta.

Em tempo, Mandetta já foi alertado de que o clã bolsonarista vasculha seu passado. Está em silêncio, trabalhando, mas se cair, não cairá calado.

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