Após manobra da base de Doria, CPI das isenções fiscais quer avançar em SP
Reunião da última semana não teve quórum; presidente da comissão aponta irregularidades que beiram os 115 bilhões de reais em ônus para o estado

Após manobra da base governista de João Doria (PSDB) na Assembleia Legislativa de São Paulo, a CPI das isenções fiscais vai tentar novamente começar os trabalhos nesta semana.
A reunião prevista para a última quinta-feira não teve quórum necessário — parlamentares do PSDB, MDB, PP e PL não compareceram à sessão.
O deputado Paulo Fiorilo (PT), presidente do colegiado, já chamou novo encontro para esta quinta, 16. A ideia é votar os requerimentos de informação a respeito dos incentivos fiscais concedidos pelo estado a empresas e definir o relator.
Segundo Fiorilo, irregularidades na concessão desses benefícios fizeram com que o estado deixasse de arrecadar 115 bilhões de reais entre 2008 e 2018.
Pela janela de tempo estipulada, deverão entrar na mira da CPI as gestões dos ex-governadores Geraldo Alckmin e José Serra (PSDB), além de Márcio França (PSB).
“Vamos solicitar os nomes de todas as empresas que tiveram benefícios fiscais, os critérios para elas receberem, quanto foi dado de benefício, ou seja, quanto o estado deixou de arrecadar, e se teve algum retorno para o estado”, diz Paulo Fiorilo.
Apesar de não abranger o período de João Doria, as investigações também deverão ter repercussão sobre a gestão do atual governador. No ano passado, a Alesp aprovou um controverso pacote de ‘ajuste fiscal’ enviado pelo Executivo que justificava a proposta como forma de resolver um rombo de mais de 10 bilhões de reais no Orçamento.
Entre outros pontos, o texto autorizou o aumento de impostos e extinguiu órgãos públicos, sendo criticado por deputados que apontaram que, já que o assunto era cortar despesas, o estado deveria dar mais transparência sobre as milionárias isenções fiscais concedidas a empresas.