23 governadores querem incluir Lira e Pacheco na frente contra a pandemia
Grupo de chefes dos estados também deve tentar atrair o CNMP e o CNJ, mas há entraves quanto a isso pelo papel de árbitro do Judiciário

Articulações em curso neste momento, coordenadas por governadores de 22 estados e do Distrito Federal, devem formar a maior reunião de forças já vista no país para adotar medidas de combate ao avanço da pandemia de coronavírus no país.
No pior momento da crise desde que o vírus foi identificado no Brasil, governadores decidiram unir forças para tratar o combate ao coronavírus de forma uniforme no maior número possível de estados. No momento, o que une 23 governadores é a compreensão da gravidade do momento.
Uma carta está sendo redigida para materializar essa mensagem, que deve, sobretudo, dar um ultimato ao presidente Jair Bolsonaro: ou ele se junta ao grupo que tentará tirar o Brasil desse mar de mortes e desolação, ou será deixado para trás com o atraso que insiste em ignorar a realidade.
Para tornar a mensagem ainda mais eloquente, governadores negociam nesta noite a entrada de atores importantes do Legislativo e do Judiciário no movimento. Além de contar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e com o chefe da Câmara, Arthur Lira, os governadores esperam obter o comprometimento também do presidente do STF, ministro Luiz Fux, a partir do CNJ, órgão presidido por ele.
A participação do Judiciário, apesar de considerada pelos governadores, enfrenta obstáculos pela própria natureza arbitral do poder. Há ainda a intenção de incluir o CNMP, órgão estratégico do Ministério Público.
Os estados que já estão juntos são Amapá, Piauí, Paraíba, Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, São Paulo, Pará, Distrito Federal, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Ceará, Sergipe, Goiás, Maranhão, Amazonas, Paraná, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Somente quatro estados ainda não aderiram: Rondônia, Roraima, Acre e Tocantins.
A carta que será divulgada nesta segunda deve concentrar forças na mensagem, deixando o anúncio de medidas concretas para um segundo momento de discussões.
Ao jornal Folha de S.Paulo, porém, o governador Wellington Dias (PT-PI), porta-voz do grupo, listou alguns pontos que podem entrar nesse acordo nacional são o de proibição de venda de bebidas alcoólicas a partir de um determinado horário e o de impedimento de eventos com aglomeração.