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Um primitivo

O curioso caso de Jair Bolsonaro

Por Maria Helena RR de Sousa
Atualizado em 30 jul 2020, 19h32 - Publicado em 2 ago 2019, 12h00

Um dos filmes mais estranhos que já vi é “O curioso caso de Benjamin Button”. Conta a história de um homem que nasce velho, um bebê todo enrugado, um mini velhinho, feio, assustador e que inspira repulsa até no pai que o abandona na entrada de um asilo. E nesse asilo ele cresce e vai vivendo ao contrário de todos nós; em vez de envelhecer, remoça, até que numa idade provecta ele está um jovem rapaz.

O que tem isso a ver com Jair Bolsonaro? Muito pouca coisa, apenas o fato do capitão se comportar cada vez mais como um adolescente típico, rebelde, primitivo, preguiçoso, convencido de estar sempre certo, de ser bem mais sabido que os adultos. Aos 64 anos, parece que vai remoçando de modo bizarro, tal qual Benjamin Button, e sempre achando que estão todos errados, menos ele. Remoça fisicamente, e fica cada vez mais primitivo ao longo dos anos.

Nos últimos dias parece que ele teve um surto de péssimas ideias. Irritado com o fato da conclusão do inquérito sobre seu esfaqueador, Adélio Bispo, porque ficou provado que ele é mentalmente incapaz, resolveu agredir o presidente da OAB, mas a seu modo. Do modo mais vil possível:

Como ele, abertamente, não concorda com a Comissão da Verdade que declarava que o jovem Fernando Santa Cruz, pai do atual presidente da OAB, fora assassinado pelo Estado e ele quer que acreditemos que os algozes foram companheiros do morto, ele mexe na composição da Comissão dos Desaparecidos Políticos. Mas, atenção, ele não quer que pensemos que a troca está ligada ao que ele disse sobre a morte de Fernando Santa Cruz. Não, nada disso. Foi porque ‘mudou o presidente da República’. E quem ele convocou para comprovar o que disse? A fantástica Damares!

Será possível que ele não perceba a estupidez do que fez? Ou só vai aceitar que errou depois do caso passar pelo STF?

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Sobre o massacre no Pará, nada, A não ser quando lhe perguntaram o que tinha a dizer sobre o assassinato dentro do caminhão dos presos que estavam sendo transferidos daquela prisão infernal. Resposta do presidente do Brasil: “Problemas sempre acontecem”.

Recusa os dados do desmatamento do órgão encarregado de controlar nossa Amazônia. Ele esquece, ou será que ignora, que o mundo está atento: a revista The Economist afirma que desde que Bolsonaro tomou posse em janeiro, “árvores estão desaparecendo a uma média de duas Manhattans por semana”. Essa mesma revista, durante a campanha presidencial no ano passado, alertava seus leitores que Bolsonaro seria uma ameaça para o Brasil! Bingo!

E se alguém estranha ou reclama de alguma atitude dele, tem sempre um áulico para dizer: “Ele é assim mesmo. Nada a fazer”…”.

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Assim como? Instintivo? Primitivo? Néscio? Rude? Boquirroto? Isso lá é desculpa que se apresente?

Depois de passar pelo Exército, pela Câmara dos Deputados e estar na Presidência da República, aos 64 anos ele não poderia ter aprendido a se controlar e a respeitar o cargo que ocupa e o país que preside?

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