Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Tragédia e estatística (Por André Gustavo Stumpf)

O tempo é a única coisa irrecuperável

Por André Gustavo Stumpf
Atualizado em 30 jul 2020, 18h50 - Publicado em 1 jul 2020, 11h00

O presidente Jair Bolsonaro descobriu o Brasil. Ele permaneceu por 19 meses na capital federal. Visitou diversos países, mas evitou Rio, São Paulo e sobretudo os estados do Nordeste, onde teve desempenho eleitoral muito fraco. Neste período só deixou a Capital Federal para visitar instalações militares.

Aqui frequentou manifestações, a pé, a cavalo ou de helicóptero, contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. Desperdiçou este período em discussões estéreis e não desenvolveu nenhuma iniciativa para chamar de sua. Está condenado a inaugurar obras de infraestrutura planejadas pelo Ministro Tarcísio Gomes de Freitas, que trabalhou na área nos governos Dilma e Temer.

É o único setor do governo que tem diretriz e planejamento. O resto é improviso. Ele inaugurou o eixo norte da transposição do rio São Francisco, no Ceará, obra iniciada no governo Lula. A inauguração foi apenas o pretexto para ele viajar ao nordeste e andar no meio do povo naquela região do país. Este movimento está dentro da política de melhorar relações com o Congresso, com os adversários e voltar os olhos para o Brasil. Acabar com as brigas e deixar os ministros trabalharem.

Quando a pandemia deu as caras no Brasil no início de março, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta disse que em junho o país chegaria à cinquenta mil mortes por causa da covid 19. Ele foi ridicularizado, confrontado e demitido.

A realidade venceu a ficção e o negacionismo. Seu sucessor durou um mês na cadeira. O General Eduardo Pazuello chegou para gerenciar a crise. Uma de suas tentativas foi escamotear os números. Não deu certo porque imprensa brasileira e órgãos especializados internacionais denunciaram a manobra.

Continua após a publicidade

O presidente perdeu muito tempo com discursos raivosos e com a preocupação de demonstrar que ele era a Constituição. Encontrou resistência no Supremo e no Congresso. O sistema democrático de pesos e contrapesos se mostrou eficiente.

Os filósofos dizem que a única coisa que os humanos não recuperam é o tempo. Ele é precioso e deve ser respeitado. Bolsonaro subiu no palanque e negou a pandemia. Disse que era uma gripezinha. Fechou os olhos para os mortos, não visitou um único hospital, nem as cidades mais afetadas pelo vírus.

Perguntado sobre sua ausência, respondeu com um cínico “e daí”. Ele repetiu Josef Stalin, por incrível que pareça. Quando questionado sobre a grande fome ocorrida entre 1932 e 33, respondeu com uma frase reveladora do desprezo pelo ser humano. “Uma única morte é tragédia. A morte de milhões é estatística”. Aqui morreram milhares em nome da bagunça, da falta de liderança, da corrupção e da profunda indiferença do presidente da República em relação a seus cidadãos.

Continua após a publicidade

Agora, ele pretende se reencontrar com seus nacionais. Seu prestígio caiu muito dentro e fora do Brasil. A rejeição a Abraham Weintraub verificada entre os funcionários do Banco Mundial é algo espantoso e raro. Nunca ocorreu antes.

O episódio da prisão do Queiroz, as contraditórias declarações do advogado Frederick Wassef, e a estranha decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que contornou julgado do Supremo Tribunal Federal para proteger o senador Flávio Bolsonaro revelam que o presidente está pisando em terreno pantanoso. Os índices de popularidade estão desabando. O caminho razoável para se manter no poder é conversar, negociar e suspender o tiroteio.

Há outro aspecto na confusa administração Bolsonaro, consequência da influência do filho na divulgação de atos do governo. A área de comunicação da Presidência foi confinada às ações do chamado gabinete do ódio. Algumas inciativas interessantes da administração federal, como a entrega dos primeiros jatos Grippen à Força Aérea, ocorrida na Suécia, ficou restrita à propaganda do fabricante. O governo não aproveitou o momento.

Continua após a publicidade

As assinaturas de contrato de concessão da ferrovia norte/sul e da ferrovia oeste/leste, que vai de Barreiras a Ilhéus, são iniciativas positivas em favor do desenvolvimento nacional. Estes fatos ficaram escondidos no noticiário de pé de página nos jornais. A área de comunicação deste governo é péssima. A única preocupação é proteger o presidente porque ele pode, a qualquer momento, dizer alguma bobagem ou soltar um palavrão.

O presidente Bolsonaro foi ao Rio de Janeiro para o velório de um paraquedista que morreu durante treinamento. Emocionado, ele foi as lágrimas. Uma morte é tragédia, mas 50 mil mortes constituem uma estatística. Curioso como os extremos se tocam.

https://capitalpolitico.com/

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.