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Tempo de espera

Pé no freio às vésperas de eleições

Por João Bosco Rabello
Atualizado em 4 jun 2024, 15h08 - Publicado em 16 nov 2019, 10h00

As notícias promissoras continuam na esfera econômica, malgrada a perspectiva eleitoral como fonte de redução do ritmo de reformas. A reforma da previdência é página virada de uma pauta pendente do governo passado. Com o pacote anunciado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o atual governo começa de fato.

Há certo varejo que surge, aqui e ali, fora de contexto, mas que mesmo assim, revela correções de rumo a serem feitas em favor de uma rotina menos injusta capaz de melhorar o humor do cidadão. É o caso do anúncio do fim do Dpvat (o seguro obrigatório dos automóveis) que melhor se encaixa se debatido dentro de uma reorganização geral da área de trânsito hoje acomodada com a arrecadação passiva das multas.

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Esse varejo destoa da organização que se procura dar à economia e parece destinar-se menos a enfrentar tudo aquilo que contraria o contribuinte e mais para cumprir uma estratégia diversionista. Se levado a sério, porém, em conjunto, há medidas positivas que podem representar respostas parciais aos até hoje negligenciados protestos de 2013 por melhores serviços (padrão Fifa), que deram início à derrocada do governo Dilma Rousseff.

A classe política mantém a velha fórmula do pé no freio às vésperas de eleições. Melhor não arriscar a aprovação de mudanças, mantendo o debate sem deixar que se aproxime da fase de conclusões. No plano federal, as entregas tanto do Legislativo quanto do Executivo têm por referência de tempo as eleições de 2022.

Assim, parece mais otimismo profissional a estimativa que um pacote da dimensão do apresentado pela equipe econômica esteja votado até o meio do próximo ano. Melhor apostar que até lá sejam criadas as condições favoráveis à sua aprovação, com negociações adiantadas, do que em sua conclusão. Da mesma forma que as estimativas para a reforma tributária que chegou a ser aprazada para terminar este ano.

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Medidas de governo precisam ser bem empacotadas e bem vendidas ao público, como ficou ainda mais claro no Plano Real. Após quatro planos frustrados na gestão do ex-presidente José Sarney (Cruzado, Cruzado 2, Plano Bresser e Plano Verão) e um de consequências funestas de seu sucessor, o Plano Collor , que confiscou as contas bancárias, nada levava a crer que ainda se pudesse tentar mais um plano.

O Plano Real, no entanto, deu certo porque apostou na comunicação. Foi bem vendido, explicado diariamente nos quatro cantos do país, com uma estratégia de mídia e de peregrinação até convencer a população que a ele aderiu. O ministro Paulo Guedes já demonstrou ter o talento necessário para vender seus projetos. Sua aliança com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tem sido o fator de eficiência do governo até aqui, pois materializa o que a equipe econômica produz.

O ano acaba bem para o governo, em que pese a turbulência política, a forte polarização ideológica e a estratégia do confronto adotada pelo presidente Jair Bolsonaro, entre outros fatores que influem na redução do ritmo dos resultados.

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Encerrar a reforma da previdência ficou de bom tamanho, mas principalmente porque o pacote de reformas proposto pelo ministro Paulo Guedes mostrou que a área econômica não tocava um samba de uma nota só. Fechou o ano com propostas concretas que dão perspectiva de mudanças a um cenário que antes parecia esgotar-se na previdência. O tempo ainda é de espera na economia, mas o sinal de vida está dado.

 

João Bosco Rabello é jornalista do site Capital Político (capitalpolitico.com

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