Está na hora de nós, jornalistas, revermos nossos métodos de trabalho. Se a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi tudo isso que dizemos dela, estávamos obrigados a destacar melhor suas atividades. E a abrir espaço para que expusesse suas ideias. Só depois de morta a descobrimos.
Também fomos incapazes de ver com antecedência o severo estrago que o ex-governador Sérgio Cabral e sua gangue causavam ao Rio de Janeiro quando ainda estavam no poder e eram louvados.
Ao mesmo tempo em que se tornou mais livre, o jornalismo entre nós também se tornou mais preguiçoso, refém de notícias que nos chegam prontas, do disse me disse das fontes oficiais, da consulta ao Google que não passa de um depósito de coisas velhas.
À demanda por mais informações, e informações qualificadas, respondeu-se com a compactação das redações. Hoje, elas são menores, mais jovens, inexperientes, sobrecarregadas e mal pagas. Como exigir que produzam um bom jornalismo?
De resto, o que mais contribui para a degradação do ofício é a cultura da informação gratuita introduzida pela internet. Informação de qualidade custa caro, cada vez mais caro. Somente um público reduzido entende isso e está disposto a pagar por isso. Quem perde mais? Ora, todos perdem.
Jornalismo é algo sério demais para ser feito apenas pelos jornalistas.