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Quem ganha se o corpo de Adriano da Nóbrega não for periciado

Execução ou troca de tiros?

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h09 - Publicado em 18 fev 2020, 08h00

Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-policial militar acusado de liderar a principal milícia do Rio de Janeiro, homenageado duas vezes pelo então deputado Flávio Bolsonaro, morreu no último dia 9 em Esplanada, na Bahia, durante uma troca de tiros?

Ou foi executado pela tropa de 70 homens do BOPE baiano fortemente armados que o cercaram em uma casa isolada de onde não conseguiria fugir mesmo se quisesse? A resposta a essa pergunta depende de uma perícia independente a ser feita no corpo dele.

O corpo chegou ao Rio no dia 11. A família pretendia cremá-lo no dia seguinte. Mas a juíza plantonista Maria Izabel Pena Pieranti não permitiu. Alegou que a eventual cremação impediria exames capazes de esclarecer as reais circunstâncias da morte de Nóbrega.

A decisão da juíza foi reforçada no dia seguinte pelo juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal do Rio. E pela mesma razão: “Em se tratando de morte violenta, havendo investigações a serem realizadas para desvendar todas as circunstâncias da morte, impossível a cremação”.

No último dia 13, um terceiro juiz, Guilhermino Pollo Duarte, determinou que o corpo fosse enviado ao IML para ser preservado. Ontem, a determinação foi revogada por Kalil. O IML está liberado da obrigação de conservar o corpo de Nóbrega em câmera de refrigeração.

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Segundo o juiz, embora o corpo não possa ser cremado ainda, tampouco precisa ser preservado porque o caso não é da competência da Justiça do Rio, mas sim da Justiça da Bahia. Prevalece, por enquanto, a decisão da juíza Pena Pieranti que proibiu a cremação.

Em breve, um quarto juiz, Marcius da Costa Ferreira, da Vara de Registros Públicos do Rio, deverá pronunciar-se sobre o destino a ser dado ao corpo de Nóbrega. Crema ou não crema? Volta a conservá-lo em câmera refrigerada ou deixa que se decomponha?

A família, agora, insiste na realização de uma perícia do corpo antes de cremá-lo. Júlia Mello Lotufo, que viveu com Nóbrega nos últimos 15 anos, entrou com o pedido de perícia na Comarca de Camaçari, na Bahia. A juíza negou por faltar comprovação de que ela fora mulher de Nóbrega.

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Então a mãe e as irmãs de Nóbrega entraram com um novo pedido que ainda está sendo analisado. Tudo indica que dará em nada. E que a cremação acabe autorizada. Assim jamais se saberá se Nóbrega foi executado como se suspeita ou se morreu em uma troca de tiros.

A quem interessa que seja assim? Quem ganhará com isso?

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