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Por Coluna
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Política é missão, não profissão

Um negócio com cerca de 150 milhões de consumidores,

Por GAUDÊNCIO TORQUATO
Atualizado em 30 jul 2020, 19h15 - Publicado em 15 dez 2019, 09h00

A política não é um fim em si mesmo, mas um sistema-meio para administrar as necessidades do povo. Logo, é uma missão, não uma profissão. Aristóteles ensina que o cidadão deve servir à polis visando ao bem comum. Ao se afastar dessa meta, dá lugar à corrupção, pois “se desvia do objetivo e passa a governar de acordo com seus interesses”.

Por conseguinte, a política não deve ser escada para promover pessoas ou facilitar negócios. O sistema político desenvolve a capacidade de responder aspirações, transformar expectativas em programas, coordenar comportamentos coletivos e recrutar para a vida pública quem deseja cumprir uma missão social.

Utopia? Pode ser, mas deve servir de inspiração. Infelizmente, entre nós, a política tem sido tratada como bom negócio. Longa tradição. Ao criar e doar 14 capitanias hereditárias a donatários entre 1534 e 1536, d. João III plantava a semente do patrimonialismo. De posse da terra, os donatários podiam até transferi-las para os filhos, mas não vendê-las. Capitania virou possessão, propriedade.

Hoje, parcela dos nossos representantes considera espaços públicos como feudos. Assim a política se transforma num dos melhores negócios da Federação. O caminho: primeiro, conquista-se o mandato; a seguir, a política vira instrumento de intermediação no mercado de 27 Estados (com o DF). São estruturas, cargos e posições nas esferas federal, estadual e municipal.

Um negócio com cerca de 150 milhões de consumidores, o contingente eleitoral. Para chegar até eles, um candidato gasta bons trocados (custo médio hoje entre 12 a 15 reais por eleitor), a depender do cargo, de vereador a presidente da República.

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Candidatos ricos bancam suas campanhas. A maior parte recebe recursos do fundo partidário ou doações. Para 2020, o fundo partidário deve ser em torno de R$ 2,5 bilhões. PSL e PT, os dois maiores partidos na Câmara, devem receber as maiores fatias. Numa campanha despende-se entre três a quatro vezes mais do que a quantia apresentada aos Tribunais eleitorais. Poucos se elegem com somas pequenas.

Dessa moldura, surge a pergunta: se a campanha política é tão dispendiosa e se candidatos gastam mais do que ganham, por que o empenho para assumir a sacrificada missão de servir ao povo? Ou há muito desvio entre o espírito cívico de servir e o sentido prático de se servir?

Arriscado inferir sobre o comportamento dos políticos, pois parcela atua de maneira nobre. E acaba sofrendo injustamente críticas por desvios cometidos por alguns.

Onde brota a corrupção? Começa pelo costume do superfaturamento. Obras públicas geralmente recebem um dinheiro a mais, que paga achacadores e engorda campanhas no círculo vicioso do lamaçal, hoje devassado pela Operação Lava Jato. Mas há sempre uma fresta, uma vez que em postos chaves estão os indicados pelos políticos.

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Portanto, há um PIB informal formado por recursos extraídos das malhas da administração nas três instâncias federativas. Sanguessugas predadoras escondem-se em parcela do corpo político para sugar as veias do Estado brasileiro.

Dinheiro e poder são as vigas da vida pública, mas começam a soçobrar nesse início de ciclo da ética e da transparência.

Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político

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