Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Noblat Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Parlamentarismo cinzento

Toda vez que o presidencialismo passa por alguma crise aparece alguém falando em parlamentarismo.

Por Helena Chagas
Atualizado em 24 Maio 2019, 14h00 - Publicado em 24 Maio 2019, 14h00

Toda vez que o presidencialismo à brasileira passa por alguma crise – e bota crise nisso – aparece alguém falando em parlamentarismo. A mudança no sistema de governo já o remédio altamente ineficaz para driblar a posse de João Goulart em 1961, quase entrou na Constituição de 1988 e foi cabalmente rejeitada pelo voto popular em dois plebiscitos, o último deles em 1993. Volta e meia, porém a idéia reaparece. O modelito da estação é o “parlamentarismo branco”.

O parlamentarismo da moda não vem, como de outras vezes, sob a forma de uma proposta de emenda constitucional destinada a mudar o papel institucional e as relações entre os poderes, dando ao Congresso, oficialmente, as funções de governo. Trata-se, agora, de um arranjo informal, até reforçado por medidas que fortalecem as prerrogativas do Legislativo – como o orçamento impositivo, por exemplo – mas que não mudaria substancialmente as regras da Carta presidencialista.

Nesse momento, todo mundo que fala em “parlamentarismo branco” refere-se à disposição do Congresso de preencher o vazio político deixado por um presidente frágil, despreparado e com perda acelerada de apoio na própria sociedade. A fórmula parlamentarista de hoje seria uma maneira de bypassar Jair Bolsonaro, uma aliança entre as forças majoritárias do Congresso e o establishment econômico do país, com o apoio de setores do governo, como a equipe econômica, para controlar a pauta do país.

A provável aprovação de uma reforma previdenciária pelo Legislativo – independentemente do Executivo – seria o primeiro e bem sucedido ato desse modelo de governo congressual a ser mostrado ao país. Abriria caminho a outras agendas, como a da reforma tributária e medidas articuladas com a equipe de Paulo Guedes. E a vida seguiria até as eleições de 2022.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas será que isso dá certo? Pouco provável. Ainda que a equação de nosso presidencialismo contraponha sempre um Executivo fraco a um Congresso forte – e vice-versa – , há limites claros para esse tipo de corta-e-cola institucional.

Continua após a publicidade

Por mais que o Legislativo comece a aprovar medidas esvaziando os poderes do presidente da República, limitando suas prerrogativas em relação ao orçamento e restringindo sua capacidade de editar medidas provisórias, por exemplo, há todo um arcabouço constitucional a reforçar seus poderes como chefe do Executivo e detentor maior dos mecanismos legais para  governar. O que torna insustentável a condução de qualquer governo em outras bases sem reforma profunda na Carta.

É o presidente quem tem a caneta e  nomeia – dos ministros do STF ao procurador geral da República, passando pelos cargos da administração direta, indireta e estatais. É o presidente que edita decretos, medidas provisórias e tem competência privativa para encaminhar ao Congresso propostas sobre determinados assuntos. É o presidente o comandante em chefe das Forças Armadas.

Toda essa conversa de “parlamentarismo branco”, portanto, parece destinar-se a entreter os ingênuos. Ou bem – ainda que contra as expectativas – Executivo e Legislativo se acertam em torno de regras mínimas de convivência, ou em breve, logo após a votação da Previdência, assistiremos a um novo capítulo da saga dos últimos 30 anos, que já engoliu dos presidentes da República via impeachment.

É possível, e talvez seja até desejável, implantar o parlamentarismo no país. Mas por caminhos claros, constitucionais, submetidos a novo e obrigatório plebiscito, para vigorar para mandatos futuros. Sem nódoas.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.