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Os desafios de Bolsonaro dois ponto zero

Para além das palavras ou do silêncio

Por Ricardo Noblat Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 jul 2020, 10h38 - Publicado em 2 jul 2020, 08h00

A desejar que se acredite em sua nova versão, a de um presidente moderado, convertido aos valores da democracia que antes execrava e disposto a trabalhar em harmonia com os demais Poderes, Jair Bolsonaro poderia aproveitar o momento para trocar algumas peças defeituosas de um governo empenhado em se reinventar. Ou não se trata de reinvenção? Ou é só maquiagem?

Os céticos dizem, e eles têm razões de sobra para dizer, que a nova postura de Bolsonaro pouco ou nada tem de sincera. Decorre do medo que se apossou dele de não completar o mandato. E do medo de que seus filhos, os três zeros, possam ter suas carreiras políticas interrompidas ou prejudicadas pelos supostos crimes que cometeram de peculato, corrupção e formação de quadrilha.

Não importa. Por isso ou por aquilo, faria bem ao governo e, por extensão, ao país se Bolsonaro fosse além das palavras ou do silêncio a que se recolheu. Que tal valorizar as duas áreas apontadas em todas as pesquisas como as que mais afetam a vida dos brasileiros, para o bem ou para o mal – Educação e Saúde? Por sinal, as duas nesta hora estão sem titulares.

A da Saúde tinha começado bem o governo. Tudo o que ali Luiz Henrique Mandetta fez foi jogado fora por Bolsonaro, inclusive o próprio ministro. No lugar de Mandetta entrou um médico que durou pouco, e depois um general especialista em logística. Não se cobre dele que entenda de Saúde porque médico não é. Cobre-se por não ter se cercado de quem entende. Preferiu colegas de farda.

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O que será da Saúde quando passar a “gripezinha” que, segundo Bolsonaro, não mataria mil brasileiros – e a maioria desses, só os mais vulneráveis? Quem liga para os vulneráveis, não é mesmo? O coronavírus já matou mais de 60 mil pessoas de todas as idades e infectou até ontem 1.453.369. Salvar a economia deveria vir em primeiro lugar. Como se isso fosse moralmente defensável.

Bolsonaro sempre viu a área da Educação como um antro da esquerda a ser varrida caso ele se elegesse. Entregou-a ao desequilibrado e autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho que, no passado, já fez até horóscopo. Os dois primeiros ministros eram discípulos de Olavo. Um não falava bem o português. O outro escrevia errado. O terceiro falsificou o currículo.

O que será da Educação depois do Covid-19? De imediato: como será a volta às aulas que alguns governadores imaginam promover já em agosto? Que setores do ensino deverão merecer mais atenção até o fim do governo? Como deverá se comportar o quarto ministro a ser escolhido no curto período de 18 meses? A esse respeito, o que pensa Bolsonaro, se é que ele pensa alguma coisa?

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Saúde e educação seriam problemas de bom tamanho para ocupar um presidente dominado pelo medo do futuro. Mas como fazer de conta que o resto vai bem, obrigado, se Ernesto Araújo está à frente da política externa, e Damares Alves, da política para as mulheres e os direitos humanos? O ministério de Damares virou um reduto de bolsonaristas ensandecidos (alô, alô, Sara Winter!).

Araújo rebaixou o Itamaraty. Não o fez só por sua vontade, mas pela coincidência mortal de suas ideias com as ideias de Bolsonaro. O Brasil isolou-se do mundo, alinhando-se exclusivamente aos interesses dos Estados Unidos. Na condição de vassalo, calculou que seria aquinhoado com saborosas migalhas. Trump tem aplicado sucessivos chutes na bunda do Brasil.

Bolsonaro dois ponto zero não passará de uma farsa de ocasião se não frustrar a crença universal de que ninguém muda depois de certa altura da vida, quanto mais ele.

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