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O eleitor já perdeu

É assim que chegam os primeiros ventos das eleições. Sem nomes novos ou ideias originais.

Por Elton Simões
Atualizado em 6 ago 2018, 16h00 - Publicado em 6 ago 2018, 16h00

Fique tranquilo. Tudo indica que a incerteza não aumentou. Continua a mesma. Se alguém duvidava, não há nada de novo nas eleições. O Brasil perdeu a capacidade de gerar novidades. Segue preso em circularidade interminável, condenado a repetição, em que o futuro parece ser uma copia desbotada de passado duvidoso. Tudo já vem envelhecido, carcomido, podre.

É assim que chegam os primeiros ventos das eleições. Sem nomes novos ou ideias originais. Basta analisar a lista que vai habitar cédula eleitoral. Para quem ainda duvida, vai dar para conferir durante o horário eleitoral que daqui a pouco começa.

Sem risco de errar, atravessaremos meses de campanha eleitoral em horário nobre sem a transmissão de uma única informação útil. Na melhor das hipóteses, resta não assistir. Pelo menos para poupar os ouvidos e possivelmente o estomago.

O estranho é que a gente tenha se acostumado a isso. Já faz muito tempo que as mesmas caras se apresentam expondo ideias rarefeitas apoiadas em conceitos ultrapassados, polvilhados por doses generosas de cinismos.

O triste é que a ausência de novidades é apenas sintoma de doença em estado avançado. É resultado direto de um sistema político onde não mais existe relação entre o eleitor e o eleito. Crise de representatividade, enfim.

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O país, segue, portanto, sequestrado por grupos políticos a esquerda ou a direita que transformaram o Estado em somatória de sesmarias hereditárias. A depender desses grupos, renovação é coisa a ser evitada. Nomes novos, nem pensar.

Sem a saudável oxigenação da renovação, o Estado brasileiro é reflexo e consequência de seu sistema eleitoral. Consegue ao mesmo tempo gastar mais do que pode e entregar nada nada do que deveria. E vai continuar assim. Perdemos o controle. E muito.

O sistema eleitoral brasileiro é gigantesca máquina de copiar experiencias falidas em graus decrescentes de qualidade. Uma verdadeira fábrica de velharias. A cédula eleitoral já anuncia que os próximos 4 anos serão feitos de passado.

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Não importa quem vai ganhar a eleição. O eleitor já perdeu.

 

Elton Simões mora no Canadá. É President and Chair of the Board do ADR Institute of BC; e Board Director no ADR Institute of Canada. É árbitro, mediador e diretor não-executivo, formado em direito e administração de empresas, com MBA no INSEAD e Mestrado em Resolução de Conflitos na University of Victoria. E-mail: esimoes@uvic.ca . 

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